por Marcelo Seabra
É incrível como gasta-se dinheiro tolamente no mundo do cinema. Com tantos bons roteiros circulando sem ganhar muita atenção (a chamada Lista Negra), alguém acaba direcionando pessoal, tempo e dólares para filmar uma bobagem como Terror na Água 3D (Shark Night 3D, 2011). Mas, quando Piranha 3D (2010) fatura mais 80 milhões de dólares pelo mundo – e já tem uma sequência engatilhada, é até compreensível que se continue fazendo esse tipo de coisa.
Depois de ser ator mirim, dublê em cenas perigosas e passar por outras funções técnicas, David R. Ellis chegou a diretor de segunda unidade, cargo que é tido como trampolim para quem quer ganhar experiência e chegar a diretor. O caminho foi corretamente trilhado, mas alguma coisa saiu errada, já que o sujeito não faz nada que preste. Sob sua chancela, fomos “premiados” com dois longas da série Premonição (Final Destination), o 2 e o 4 (2003 e 2009), e aquela porcaria Serpentes a Bordo (Snakes on a Plane, 2006), com um Samuel L. Jackson mais caricato que de costume.
Em entrevistas a diversos veículos, Ellis afirmou que pretendia fazer um filme sério (evitando rir de si mesmo), mas ao mesmo tempo mais abrangente – entenda-se censura livre. Dessa forma, mais adolescentes vão ao cinema e mais dinheiro entra nos cofres da produção. Exatamente por isso, o filme pega leve no que diz respeito a nudez e sangue, fica só nas meninas de biquínis e nos sustos com tubarões. Ou seja: não é bom, nem apela aos instintos mais baixos, como o subgênero torture porn faz.
O elenco de Terror na Água é formado por jovens bonitos e atléticos (até o nerd tem cara de galã, coisas de Hollywood) e só consegui reconhecer Donal Logue, ator de alguns bons filmes como Zodíaco (Zodiac, 2007) e Anti-Herói Americano (American Slendor, 2003) e da série Grounded for Life (2001-2005). Numa furada como essa, nem o melhor dos veteranos conseguiria se salvar. Ah, e Joshua Leonard, uma das vítimas da Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999), também está lá, no que deve ser seu papel mais ridículo.
Duas coisas que me vieram à cabeça (sem querer ser politicamente correto) poderiam levantar discussões. Em várias oportunidades (principalmente em documentários do Discovery ou National Geographic), já vi ambientalistas reclamarem que filmes como este mostram os tubarões como vilões por excelência, que atacam a esmo e devem ser combatidos, justificando assim a caça predatória deles. O outro problema diz respeito à forma como os interioranos americanos são apresentados, como caipiras violentos, de mau caráter e sem educação nenhuma, questão já levantada no texto sobre o igualmente horrendo Doce Vingança (I Spit on Your Grave, 2010). Eu não gostaria de ser retratado dessa forma e, no Brasil, o longa seria alvo de acusações de preconceito.
Ah, e a história? Não foi mencionada ainda porque é difícil deduzir qual seria. Com jovens, em um lago (isso mesmo, um lago!), sendo atacados por tubarões, quem precisa de uma história?
Lista negra!!!
Concordo e assino em baixo!!!! TÉRRIVEL,TÉRRIVEL.