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Resposta:
Querido leitor, antes de mais nada, muito obrigado pelos elogios. Você está num relacionamento há doze anos e diz que ela é uma pessoa boa, confiável e que tem muitos valores. No entanto, o que mais me chamou a atenção foi o fato de você ter conhecido a estrutura familiar dela e a forma como eles se relacionavam entre si. Mesmo percebendo essa relação de dependência dela em relação aos pais – e, obviamente, alimentada por eles – você decidiu se casar. A partir daí, surgem algumas perguntas. A primeira, bem simples é: se você já havia notado que ela era uma pessoa altamente dependente e não gostava disso, por que se casou? Pergunto isso por um motivo também muito simples. Para nos casarmos, precisamos avaliar a parte da pessoa que classificamos como defeitos, falhas e características que classificamos como ruins (isso depende da avaliação subjetiva de cada um pois, o que uma pessoa entende como ruim, não necessariamente é visto da mesma forma por todo mundo). Digo isso porque, avaliar o que entendemos como sendo a parte boa (qualidades), é muito fácil, não é mesmo?
Apesar de ter constatado isso, você decidiu se casar. É muito importante que os leitores que pretendem fazê-lo prestem bastante atenção nisso: muito cuidado com o discurso de “depois que casa melhora”. Muita gente quebra a cara com isso, porque quis acreditar em algo que não sinalizava a menor possibilidade de mudança. Será que esse foi o seu caso? É bom refletir sobre isso. Seguindo a leitura do seu e-mail, me deparei com algo que considerei um contrassenso total. Você continuou a ter as mesmas atitudes que os pais dela tinham. Ou seja, continuou alimentando a dependência da sua esposa, como você mesmo disse, fazendo tudo por ela. E, falou também que acreditou que, com o passar do tempo, ela se tornaria dependente. É sério mesmo que você acreditou nisso? Pergunto isso porque, replicando tal comportamento, o esperado seria o dela perpetuar este modelo e, até mesmo, piorar. Você não chegou a pensar desta maneira?
Bem, fato é que, com o passar dos anos, ela não mudou e, ao que tudo indica, o nível de dependência e, por consequência, de exigência, foi aumentando. Se você não fizesse tudo a tempo e a hora, era duramente criticado e, quando fazia, não era mais do que sua obrigação. Percebe como tantas qualidades mencionadas por você, acabaram sendo superadas por um defeito grave – no caso, essa dependência global – que elas não foram suficientes para sustentar uma relação de qualidade? Isso, sem mencionar a questão sexual que foi destacada. Ela passou a te evitar, dando desculpas esfarrapadas e, o resultado, não poderia ser diferente. Você foi se afastando e amor foi diminuindo.
Dicas pra você: com tamanha insatisfação sentida, surgiu o desejo da separação, que já foi proposta em duas oportunidades. Como imagino que ela goste de você, houve choro, tristeza e promessa de melhora por parte dela. Eu até acredito que ela possa desejar modificar seu comportamento pra valer. Entretanto, a experiência clínica de tantos anos, me aponta para o fato de existir uma distância enorme entre querer mudar e começar a fazê-lo, de verdade. Para que seu casamento siga adiante, na minha humilde opinião, serão necessárias algumas coisas. A primeira, propor uma conversa pacífica, não para falar em separação, mas, sim em reconstrução. Dentro desta conversa, você precisará destacar o quanto essa dependência nas mais variadas coisas te incomoda, assim como o não reconhecimento de tudo o que faz. É preciso ser mencionado também, que percebe isso na relação dela com os pais e que, provavelmente, a vida inteira foi desta forma. Por fim, você precisará dizer que sairá deste lugar de provedor de tudo e que esperará que ela comece a se movimentar para realizar as coisas. Isso certamente fará com que ela adquira mais maturidade, perante todos os desafios que a vida apresenta. Se ela concordar e começar a agir desta forma, a relação de vocês terá bom prognóstico. E, caso ela queira, mas tenha dificuldades em fazer essa mudança sozinha, vale a pena pensar em procurar a ajuda de um bom psicólogo. Boa sorte pra vocês!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
www.douglasamorim.com.br
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Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
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