“Prezado Dr. Douglas Amorim, boa tarde. Antes de mais nada, gostaria de lhe dar os parabéns pelo blog e pelos seus posicionamentos. Tenho vinte e sete anos de idade e namoro há quatro. Amo muito minha namorada, mas, ainda não tenho como sustentar uma casa. Ela começou a trabalhar agora e também tem poucas condições. O que devo fazer? Qual é o melhor momento pra casar”?
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Resposta:
Querido leitor, de uns anos pra cá, tenho percebido que boa parte das pessoas, têm se casado mais tarde, com idade superior 30 anos. Isso pode ser detectado inclusive, em pesquisas realizadas pelo IBGE. Há alguns anos, as pessoas se casavam mais cedo, mas, a realidade do paí,s era muito diferente. Não tínhamos tanta oferta de escolas, universidades, carros, equipamentos eletrônicos, entretenimento e outros bens de consumo. Nossa indústria automobilística, até a década de 1990, era lastimável. Computador, era coisa pra poucas pessoas e, fazer faculdade, literalmente era coisa pra rico. Em Belo Horizonte, por exemplo, num passado não muito distante, existiam apenas a Universidade Federal e a Pontifícia Universidade Católica.
E o que isso tem a ver com a questão do casamento? Eu respondo: tudo. As pessoas querem ter uma vida materialmente confortável, a partir da possibilidade de consumo, que aumentou muito. O mercado de trabalho tornou-se mais dinâmico e competitivo. Sendo assim, precisamos estudar cada vez mais, para termos mais qualificação e assim, brigarmos em igualdade de condições com outros candidatos. Acontece, querido leitor, que tudo isso implica em custos. Faculdade, pós-graduação, curso de idiomas, aquisição de carro, celular de última geração, tablets, viagens etc., custam dinheiro. E não é pouco. Neste cenário, o (a) jovem foi permanecendo cada vez mais tempo na casa dos pais e, consequentemente, demorando mais pra se casar.
Antigamente, a mulher era relegada a ficar em casa pra cuidar do marido e dos filhos. Pode parecer que estou falando de uma época como a idade média, mas não, não estou. As mulheres saíram de vez para pleitear suas vagas no mercado de trabalho, no Brasil, há no máximo 50 ou 60 anos. É muito pouco tempo. A modificação no papel social da mulher fez com que ela não tivesse mais apenas o ideal de casar e de ser mãe. Percebo ainda a importância destas realizações no universo feminino, porém, não são mais apenas essas. Hoje em dia, as mulheres representam uma quantidade de alunos extremamente significativa nas faculdades e cursos técnicos. No Brasil, usualmente, boa remuneração está diretamente ligada ao nível de escolaridade e cursos de capacitação que o indivíduo tem. Portanto, entre sair da casa dos pais pra pagar aluguel e ficar apertado financeiramente, o jovem tem retardado sua saída pra consumir: cursos, carros, telefones de última geração, eletrônicos diversos, viagens, entretenimentos em geral etc. A partir daí, os casamentos passaram a ocorrer mais tarde e, a geração de filhos, também. Atualmente, o número de mulheres que engravida após os 30 anos é bastante representativo.
Dicas pra você: o fato de você namorar há quatro anos e dizer que ama sua namorada é muito bom. Você ainda é bastante jovem – presumo que ela também – e, mais inteligente do que casar às pressas e de qualquer jeito, é vocês fazerem um bom planejamento financeiro. Ela mal ingressou no mercado de trabalho e você, ao que tudo indica, ganha pouco. Eu sugeriria que vocês investissem mais em estudo e qualificação para aumentar a renda de vocês. Paralelamente a isso, não faria dívidas de longo prazo. Primeiro, porque, com a economia do jeito que está, não é o momento de se endividar. Segundo porque, a partir de uma remuneração melhor, vocês poderão ter uma vida já mais organizada e estável. Se vocês já encontraram um ao outro e querem ser casar, ótimo. Basta começar a se organizar a partir de agora para não fazer loucuras financeiras e ter de voltar para a casa dos pais. Vejo exemplos como este, todos os dias. Casar é sério, envolve uma série de coisas objetivas como ter dinheiro pra pagar as contas e, engana-se quem pensa que “se tiver amor, tudo estará resolvido”. Amor é importante, sem dúvida alguma. No entanto, não enche panelas e não paga as contas. Por fim, penso que não exista idade certa pra se casar. O que existe é momento certo. E, este momento, pra mim, se dá quando se cria uma condição financeira coerente, associada ao amor verdadeiro entre duas pessoas. Sem isso, fica muito mais difícil. Claro que não, impossível. Porém, mais penoso, sem sombra de dúvida. Boa sorte pra você e nada de impulsividade, hein!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
www.douglasamorim.com.br
Instagram:@douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
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