“Dr. Douglas, boa tarde. Sou casada há nove anos com outra mulher. Quando nos casamos, ela era ótima. Sempre alegre, amiga, e tínhamos uma relação íntima excelente. Depois de algum tempo tudo mudou radicalmente. Ela passou a não se cuidar e tomou uma posição masculina dentro de casa. Além disso, começou a ficar rancorosa por qualquer motivo. Tentei salvar o relacionamento mas, todas as vezes que tentei um jantar, ou uma viagem, ela sempre queria levar nosso filho. Em um determinado dia, postei um anúncio em um site de compras coletivas. Uma mulher me procurou, interessada no produto oferecido. Enviou-me um what’s app e começamos a nos falar. No início, o assunto era somente do produto, mas, no decorrer da conversa, ela me disse que vinha de um casamento desgastado, que estava por um fio e que o cara era um explorador. Conversa vai, conversa vem e ela me “cantou”. Resolvi investir e ela me convidou pra sair. No entanto, disse que tinha medo porque tínhamos família e uma vida a zelar. Eu falei que queria ser o que ela não recebia do marido. Ficou de marcar uma data pra sairmos, mas, desde o dia 17/08, não tenho mais notícias. Enviei mensagens dizendo que estava preocupada e ela justificou o sumiço, dizendo que era correria do dia a dia. Em nenhum momento falou sobre nós. Estou desesperada, aflita e já emagreci três quilos, desde então. Estou apaixonada por ela, Dr. Por favor, me ajude. Estou a ponto de enlouquecer”.
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Resposta:
Querida leitora, vamos por partes. Você tem uma relação de nove anos com uma companheira e um filho com ela. Esses dois fatores são muito significativos e devem ser levados em conta. Segundo seu relato, houve uma transformação por parte dela. Disse que ela passou a não se cuidar mais e que tornou-se masculinizada e rancorosa. Você já se perguntou se está acontecendo algo com ela, que está levando-a a ficar assim? Quem sabe, problemas pessoais, como falta de dinheiro ou outras questões familiares… E mais: além destas hipóteses, vocês já conversaram sobre suas insatisfações?
A vida de casado, independentemente da orientação sexual dos parceiros, não é uma maravilha todo o tempo. Existem momentos de turbulência, e é neles que se observa a maturidade do casal. São nestes tempos em que se verifica se existe uma capacidade de ajuda mútua, para a superação das adversidades. Pode até ser que você tenha tentado melhorar o relacionamento, apesar de, no seu e-mail, terem sido mencionadas coisas como jantares e viagens. Tudo bem; isso colabora e traz um refrigério para a relação. Porém, não resolve. O que resolve mesmo é o diálogo. É conversar sobre as insatisfações, perguntar o que o outro está disposto a mudar e oferecer sua parcela de ajuda. Fora isso, nada feito.
A partir deste cenário, iniciou-se o que, via de regra, acontece com os casais e pares insatisfeitos e que não resolveram suas dificuldades. Um dos parceiros (as) ou ambos, começa a se abrir, até mesmo inconscientemente, para relações extra-conjugais. O seu percurso é exatamente este. No caso, o encontro não chegou a ocorrer porque, a mulher que você disse, demonstrou interesse em um primeiro momento, mas, acabou declinando da saída. A fala dela é coerente: vocês têm uma vida de longos anos construída com seus respectivos parceiros (as). Mas, isso quer dizer que vocês são obrigados a ficar com eles para o resto da existência? Claro que não! Entretanto, penso que vocês conduziram a coisa de maneira um pouco impulsiva, num primeiro momento, por mais que não tenham saído. E,tudo indica que ela saiu dessa impulsividade ao decidir não sair mais. Seria uma espécie de “pé no freio”, sabe. Houve um afastamento por parte dela, o que pode ser comprovado pelo longo período sem contato e, no pouco que se comunicaram, ela deu a desculpa de “correria do dia a dia”.
Dicas pra você: eu entendo o quanto é difícil enxergar as coisas com clareza quando estamos apaixonados. No entanto, estar vivenciando este sentimento não pode nos cegar totalmente para a realidade que se apresenta. As atitudes desta mulher, de acordo com meu olhar, indicam duas possibilidades: a primeira seria a dela estar muito indecisa quanto a levar esta história pra frente, ou não. E, a segunda, uma decisão que ela já tomou – de não querer dar continuidade – mas, não ter coragem de falar abertamente. Sendo assim, optou por deixar cair no esquecimento com o passar dos dias.
Querida leitora, quando o outro não quer ficar conosco, não há o que fazer. Você já manifestou seu desejo e não teve reciprocidade por parte dela, no que diz respeito à manutenção do contato. Portanto, seu recado está dado. O que vai acontecer, não posso dizer. Mas, penso que o que seja mais coerente no momento, seja rever sua relação com a atual parceira e chegar uma definição do que seria melhor pra vocês. Usualmente, traição não costuma ser uma boa solução pra problemas conjugais. Pense nisso, estabeleça um diálogo definitivo com sua parceira e tome muito cuidado com a impulsividade. Boa sorte!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
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Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Eu me apaixonei perdidamente por uma mulher num acidente de trânsito, na qual eu fui a culpada. Sinto saudade daquela voz maravilhosa que ela tem. Vi somente uma vez, mas penso nela todos os dias. Cheguei a ir no endereço dela várias vezes e ficar esperando que ela apareça, mas não a vi mais. Será paixão ou neura? Sou casada com outra mulher há 20 anos.