“Bom dia, Dr. Douglas Amorim. Comecei a namorar um homem, virtualmente. Nos conhecemos por meio de um site de relacionamentos, em abril deste ano. Logo no início, ele viu que tínhamos algo em comum e me pediu em namoro. Ainda não nos conhecemos pessoalmente. Ele morava em BH, foi demitido da empresa onde trabalhava e voltou para a casa dos pais, no sul, em agosto. Mantemos contato todos os dias por whats app. Falamos em nos casar, construir família etc. Ele diz que irá voltar para BH em breve, mas, até hoje, não o fez. Como trabalho, não tenho como ir para o sul e ficarmos juntos por lá. Falei que consigo um emprego para ele na empresa dos meus tios, já que está desempregado. O que devo fazer para resolver esta situação? Não aguento mais manter essa relação à distância. Quero ficar com ele, casar e ter uma família. Estou procurando um apartamento para comprar. Obrigada”.
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Resposta:
Querida leitora, eu não tenho absolutamente nada contra o fato de se conhecer pessoas pela internet. Aliás, muito pelo contrário. Penso que a grande rede ampliou muito as possibilidades da humanidade, em várias perspectivas, entre elas, a afetiva. Sites de relacionamento, aplicativos, redes sociais etc, são ferramentas que podem muito bem ligar dois corações. Aqui no consultório mesmo, já atendi diversas pessoas que se conheceram pela internet, namoraram e, até mesmo, se casaram. Por outro lado, também tive inúmeros casos de pessoas que se frustraram com pretendentes que foram conhecidos por meio da tela do computador. Portanto, entendo que essa seja mais uma das formas que temos de conhecer pessoas e nada mais que isso.
O que me deixa um pouco “encucado” com a sua história, é o fato de você ter dito que começou a namorar uma pessoa, sem conhecê-la pessoalmente. Até hoje, ao longo de vinte anos de Psicologia, só ouvi uma pessoa me dizer isso. O que geralmente se escuta é que duas pessoas se conhecem no ambiente virtual, conversam um pouco por ali, trocam telefones, se falam, encontram-se pessoalmente e, a partir daí, a relação evolui ou não. Começar a namorar virtualmente, sem conhecer o outro e já traçar planos como casar, ter filhos e comprar uma casa, entre outras coisas, me faz pensar um pouco em ansiedade, impulsividade e imaturidade afetiva. Veja bem. Não estou afirmando que vocês tenham tais características, mas, tão só, refletindo sobre essa possibilidade. Parece-me que a velocidade com a qual as coisas estão caminhando na sua cabeça, é diretamente proporcional ao dissabor que você pode sentir, caso essa relação não prospere.
Um relacionamento afetivo pressupõe algumas coisas que acredito serem primordiais. O contato olho no olho, o toque na outra pessoa, o beijo, o cheiro, o sexo, o temperamento no dia a dia etc, não são passíveis de serem vivenciados por meio do computador. Já atendi dezenas de pessoas que se conheceram virtualmente e construíram várias expectativas, que não se confirmaram, quando aconteceu o encontro real. Você não tem receio de dizer que está namorando uma pessoa que ainda não conheceu e que, ainda por cima, está morando tão longe daqui? Eu teria mais de cuidado e iria também, com um pouco mais de calma, em relação ao ritmo no qual as coisas estão andando.
Dicas pra você: querer casar, ter filhos e construir uma família, são desejos absolutamente saudáveis. Não há nada de errado nisso. Agora, preste bastante atenção para não queimar etapas. Já vi muita gente que cismar de casar da noite para o dia e se separar com pouquíssimo tempo de relação. Alguns estágios precisam ser cumpridos para que as coisas deem certo em nossas vidas. Nós começamos engatinhando, ficamos em pé, caminhamos lentamente para, somente mais tarde, corrermos, certo? Ou seja, existem processos mínimos para que consigamos atingir objetivos de vida. Se você estiver comprando um apartamento porque tem isso como projeto e juntou dinheiro para dar a entrada ou pagar à vista, ótimo.
Entretanto, se estiver comprando um apartamento, de forma impulsiva, já pensando em casamento, com uma pessoa que sequer conheceu pessoalmente, recomendo que repense essa decisão. Pode ser que você esteja indo rápido demais e acabe frustrada e/ou endividada. Por fim, foi mencionado que você consegue um trabalho para ele em uma empresa de seus familiares. Se a demissão foi o motivo da volta dele para o sul, você e este emprego seriam motivos mais que suficientes para o seu retorno, não? Por que ele ainda não o fez? Sugiro que questione isso, porque, à primeira vista, nada mais o impediria de regressar. Se ele ficar enrolando, inventando desculpas esfarrapadas ou desconversando, é melhor você ficar atenta porque, de repente, o cenário pode não ser tão lindo como você o está desenhando. Cuidado com as ilusões e com a velocidade das coisas. Pense nisso e boa sorte!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
www.douglasamorim.com.br
Instagram: @douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Tenho uma amiga de BH que casou com um rapaz de SP que conheceu pela internet. Mais logo que iniciaram contato marcaram de se conhecer e depois continuaram o namoro virtual com idas e vindas BH / SP.
Cara leitora, muito cuidado. Eu mesma já iniciei um “contato” pela internet mas ao conhecê-lo pessoalmente, quanta diferença: não houve a menor afinidade da conversa e nenhuma química (o que, a meu ver, é essencial para uma relação). Esteja de olhos abertos e não perca o foco,que é a sua felicidade
Catfish Brasil purinho..você deveria assistir o programa.