“Boa tarde, Dr. Douglas Amorim. Namorei uma jovem, que estava no final da adolescência, durante quatro anos. Quando terminamos, ela tinha vinte e dois. Ficamos noivos depois de um ano e meio de namoro. Fiz tudo maneira certa. Terminamos porque ela me cobrava muito para casar. Tínhamos projetos como ter filhos e comprar uma casa, entre outros. No entanto, veio o desemprego e, entre 2014 e 2015, as brigas aumentaram. Eu fazia de tudo por essa moça, mas, parecia que ela não enxergava. Começamos até comprar os utensílios de casa, até que um dia, começamos a discutir e ela jogou muitas coisas na minha cara. Eu, que sempre a ajudei, resolvi pegar minhas coisas, pois achei um absurdo tal atitude. Entre essas coisas, a aliança de noivado. Não consigo esquecê-la. Neste último ano, conseguia ficar um bom tempo sem lhe telefonar, porém, quando o fazia, era maltratado e sempre ouvia que não haveria volta. Retornei ao mercado de trabalho e comprei um apartamento. Ela comprou um carro e está fazendo faculdade. Como faço pra esquecê-la? Penso nela todos os dias. Obrigado”.
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Resposta:
Querido leitor, se vocês terminaram quando ela tinha vinte e dois anos e você disse que estava estavam juntos, desde o final da adolescência dela, isso indica que sua ex-noiva tinha entre dezessete e dezoito anos, no máximo, quando começaram a namorar, certo? E, se vocês ficaram noivos após um ano e meio de relacionamento, o que posso concluir é que ela tinha praticamente dezenove anos, quando vocês assumiram um compromisso de tamanha envergadura. Os projetos, no papel, estavam muito bonitos: família, casa, filhos etc. No entanto, a vida nos mostra com o passar dos anos, que são coisas muito sérias e que, por trás de todo amor e desejo de querer ficar com o outro, há aspecto que não tem como ser deixado de lado. O nome dele? Dinheiro!
Eu posso até ser criticado por dizer isso mas, achar que vive-se de amor, pura e simplesmente, é uma ingenuidade que beira a idiotice. Pra todas as coisas que você mencionou é necessário dinheiro. E alerto que não é pouco. Claro que não estou afirmando que apenas pessoas ricas possam se casar e realizar sonhos. Longe disso. No entanto, há um mínimo necessário para se fazê-lo. Sem esse mínimo, nada feito. Fica-se apenas na dimensão do sonho e nada mais. Ultimamente, constatamos filhos saindo da casa dos pais, cada vez mais tarde, em virtude da dificuldade de se obter estabilidade econômica. O mesmo se aplica à questão dos filhos. Tenho acompanhado (e isso é demonstrado também pelo IBGE), que as mulheres estão se tornando mães mais tarde, justamente por precisar tentar obter uma posição profissional que lhe dê possibilidades financeiras para tal. E olha que nem estou mencionando a crise econômica em que o país se encontra…
Dicas pra você: na sua concepção, tudo que estava ao seu alcance sempre foi feito em relação à sua ex-noiva. E, de acordo com o que disse, o motivo da turbulência, foi o fato de você ter ficado desempregado e, consequentemente, ter de propor o adiamento dos planos que ambos tinham. Se o motivo foi apenas ou praticamente este, o que podemos concluir, é que ela era uma pessoa que não tinha maturidade à época, pra saber esperar o tempo possível das coisas acontecerem. Algo mais ou menos assim: “se não for do meu jeito, então não me serve”. Isso demonstra a postura infantilizada, de uma pessoa que não dá conta de lidar com situações de frustração. Conviver com gente assim, às vezes torna-se um fardo, porque, praticamente nos tornamos escravos delas. Agora, se houve mais coisas e você não relatou, vale a pena uma reflexão sua.
Querido leitor, não somos robôs. Ainda não inventaram um botão para apertarmos e simplesmente deletar as coisas da nossa memória. Pra falar a verdade, acho que nem deveriam tentar fazê-lo, por um motivo bem simples: os sentimentos de paz, alegria, coragem etc, fazem parte de nossas vidas assim como a tristeza, raiva e ciúme, entre outros. Portanto, a ideia não é você fazer força para esquecê-la. O ponto fundamental é tocar a sua vida pra frente – coisa que pelo visto já está fazendo como, por exemplo, ter comprado seu apartamento – parar de ficar fixado no que ela faz ou deixa de faze,r e tornar-se aberto às novas experiências afetivas que a vida lhe facultar. Por fim, vale uma reflexão: se sua ex-noiva não deu conta de manter uma relação diante da primeira adversidade, será que ela seria uma boa esposa pra você? Pense nisso e bola pra frente! Não perca mais tempo com o que não pode ser mudado, ok!? Grande abraço e boa sorte!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
www.douglasamorim.com.br
Instagram: @douglasamorimpsicologo
Amigo eu passei por algo parecido e sei que não é fácil. A pessoa simplesmente não sai da sua cabeça, você pensa que perdeu a mulher da sua vida e que nunca mais vai amar alguém como a amou. Meu caso durou anos. Sim, fiquei anos com a pessoa na cabeça e diante da dificuldade de me relacionar de novo ficava pior. Mas tive uma única força de vontade constante que resisti e acredito ser importante para estes casos: depois de algumas tentativas vãs eu decidi nunca mais ter contato com ela de nenhum tipo. Fora de redes sociais, sem e-mail, sem telefones, nada. Foi muito, muito díficil. Curiosamente, ela tentava constantemente algum contato, mesmo já estando com outras pessoas, pois dizia que queria ser minha amiga. Eu simplesmente ignorava (me sentia mal, mas ela não tinha que saber disso). Com muito esforço e paciência com o tempo eu superei esta pessoa, ainda que tenha demorado muito achar outra e agora estou muito feliz. Outra dica que lhe dou é fazer algo interessante: conheça pessoas novas (amigos, não precisa ser namoradas), viagens, volte a estudar. Isso ajuda muito. Boa sorte para você!