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Minha mulher me traiu. Perdoei, mas, estou desnorteado

“Bom dia, Dr. Douglas Amorim. Venho passando, desde o ano passado, por uma situação com minha mulher, que me desestabilizou emocionalmente. O fato é que descobri que ela ficou com um colega de trabalho e, desde então, caí em desespero e tentei de tudo pra não separar. Perdoei e me esgotei, mas, vi que ela não mudava o jeito comigo. Cheguei até a sair de casa, porém, ela foi atrás de mim e disse que me amava. Depois disso fiquei frustrado e até procurei minha ex., que me aconselhou a resolver a situação. Não tomei atitude de me separar e continuei tentando melhorar o casamento, pois tenho um filho com ela e ela tem uma filha que mora conosco. Ela evitava o sexo comigo e, por mais que eu seja atencioso e amoroso, sempre me fala não, fica irritada ou desconversa. Quanto mais ela me falava não, mais eu ficava frustrado. Fiquei chocado e vi que nada adiantava. Entretanto, num desses momentos em que eu insisti pra transarmos, ela acabou ficando grávida (ela não fazia questão de se precaver pois não tomava anticoncepcional corretamente e não gostava de camisinha). Essa foi a última vez que a procurei e agora, mesmo grávida, não vejo mudanças e penso em me separar. Realmente, o amor acabou. Só que, o remorso bate, até mesmo, porque tenho um filho de nove anos que precisa muito de mim. Estou sem rumo e isso está afetando, inclusive, meu trabalho. Mesmo conversando com parentes dela, não consegui avanços e a relação com minha enteada acabou sendo abalada. Pra se ter uma ideia, hoje em dia, sequer nos falamos. Durmo no quarto do meu filho e fico deslocado em casa. Gostaria de sua opinião. Devo me separar”?

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Resposta:

Querido leitor, seu relato começa com um caso de traição. Quando somos traídos, recebemos um dos mais duros golpes que a autoestima pode sofrer. A sensação de ser trocado por outra pessoa, mesmo que momentaneamente, nos tira o chão e faz com que, frequentemente, comecemos a questionar nossas qualidades como pessoa e como companheiro (a). Muitas pessoas que foram traídas não suportam tal situação e partem instantaneamente para o término da relação. Outros tentam perdoar, mas, o fantasma da traição os assombra de tal maneira, que o relacionamento fica insustentável. Alguns indivíduos conseguem, de fato, perdoar quem os traiu e, o namoro/casamento, passa a ter, inclusive, mais qualidade. Entretanto, nesse tipo de situação, tanto o sujeito que traiu, quanto quem foi traído, precisam assumir uma série de compromissos com mudanças que, via de regra, não são nada fáceis.

Tudo indica que sua história passa por aí. Um casamento que já não ia muito bem no qual, ao invés da mulher falar pra você sobre as insatisfações dela e propor uma melhoria do casamento – ou separação – , não escolheu nem um, nem outro. Optou pelo caminho que eu considero mais difícil e mais pobre do ponto de visto psicológico, que é o caminho da traição. Por que o mais pobre? Porque não representa solução pra nada. Se um casamento está apresentando pr oblemas, não é arrumando outra pessoa fora, que as coisas irão se resolver. Será que é tão complicado perceber isso? Por que o mais difícil? Porque, frequentemente, as traições são descobertas de alguma forma e, tentar recuperar o casamento, fica bem mais penoso. Dependendo do temperamento do sujeito traído, poderia ocorrer uma vingança na forma de um divórcio litigioso, onde tudo é mais sofrido.

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Você a perdoou e o resultado foi mais do mesmo. Ela continuou evitando relações sexuais e não mudou praticamente nada em seu comportamento. Por obviedade, não tinha como ser diferente. Sua insatisfações continuaram sendo alimentadas pela falta de atitude dela, até que um dia, numa situação na qual você forçou a barra, acabou a engravidando. Na minha humilde opinião, de certa forma, houve uma irresponsabilidade de vocês dois neste episódio. Do seu lado, por ter feito sexo sem se precaver, num casamento permeado por traição e dúvidas de continuidade. Da parte dela, pelo risco de engravidar de alguém que já não a deixava mais feliz. Novamente, mesmo após a gravidez, você afirma que ela não mudou nada e que agora pensa em se separar porque o amor acabou.

Dicas pra você: ao término do seu e-mail, você perguntou a minha opinião, em relação à continuidade ou não, do seu casamento, certo? Três linhas acima desta pergunta, você fez duas afirmações. A primeira, a de que o amor acabara. A segunda, se referindo ao fato de você ter procurado a família dela, na esperança que eles atuassem de alguma maneira, que viesse a mudar o comportamento dela. Você consegue perceber que isso é uma atitude de desespero? Você acha mesmo que se alguém falar “a” ou “b” ela irá mudar? A mudança dela teria que vir de dentro, ora. Teria de ser originada por uma escolha honesta consigo mesma, de tentar viver uma vida saudável, feliz e equilibrada do ponto de vista afetivo. Ela não fez essa escolha, percebe? Entendo que você tem um filho com ela e, por ser muito novo, é claro que ele precisa de você. Porém, o fato dele precisar do seu auxílio, não quer dizer que você seja obrigado a permanecer casado com a mãe dele. Até seu trabalho está sendo prejudicado, conforme foi mencionado em sua mensagem. Diante de tudo isso, sou eu quem te pergunto: vale a pena permanecer com alguém, que você diz não sentir mais amor e que não está disposto a fazer o menor sacrifício para a continuidade da relação? A resposta me parece muito óbvia. Pense nisso e boa sorte!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

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Douglas Amorim

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