Minha esposa vive na gandaia com amigas solteiras

“Boa tarde, Dr. Douglas Amorim! Primeiramente, parabéns pelo trabalho esclarecedor. Sou leitor assíduo das suas colunas. Estou com um problema no meu relacionamento. Tenho 27 anos, minha esposa 26 e somos casados há 04. No início do relacionamento éramos muito parceiros e amigos. Fazíamos várias coisas juntos, mas, infelizmente, por questões financeiras não está mais sendo possível fazer passeios e viagens. No início ela era muito próxima à minha família, pois somos vizinhos. Porém, de uns tempos pra cá, ela se afastou demais, alegando que meus pais dão muito palpite em nossas vidas. No meu modo de entender, são conselhos e não, palpites. Os pais dela fazem a mesma coisa e gosto de ouvir, em virtude da experiência de vida deles. Devido a isso, discutimos algumas vezes, e ela sempre fala que quer mudar da nossa casa, para evitar tais discussões. Eu até a entendo, mas, como disse no início, a situação financeira atual não nos permite mudarmos de casa. Fiquei um tempo (média de um mês) sem procurá-la na cama (nada de traição da minha parte, creio que seja algo psicológico mesmo) devido a essas coisas descritas acima. Pra piorar a situação, de uns tempos pra cá ela, arrumou umas ”amigas” no trabalho, que são solteiras e que, no momento, só querem curtição. Não têm nenhuma aspiração de constituir uma família e estão saindo pra se divertir vários dias na semana (nada contra isso), mas ela chega em casa e não temos tempo nem de conversar direito. Ela só fica no whats aap com as amigas, e, quando reclamo, diz que eu fiz a mesma coisa. Estou com saudades e, quando a procuro na cama, ela alega que eu errei primeiro, por ter deixado de fazer isso anteriormente, e que está cansada dessa vida de trabalhar e cuidar da casa. O meu maior receio é que essas ”amigas” a incentivem para que se separe de mim. Eu amo minha esposa, reconheço que errei, mas nunca pensei na hipótese de separação. Estou tentando a todo custo recuperar a confiança dela, porém,  até agora, nada. Estou nessa situação há mais ou menos uns três meses. Sinto que ela também me ama; só que ainda está insegura em voltar a vivermos como era antes. Diante disso, Dr. Douglas, qual a orientação que você pode me passar? Desde já, obrigado”!

 

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Resposta:

Querido leitor, obrigado pelos elogios. Confesso que achei seu relato um tanto quanto confuso. Mas, vamos lá, pra vermos se consegui entender pelo menos um pouco. Vocês são casados há pouco tempo – 04 anos e, de acordo com o que percebi, a qualidade da relação de vocês veio caindo com o decorrer do tempo. Foi mencionado que vocês sempre foram muito amigos e parceiros, fazendo juntos, a maioria das coisas. Também percebi que, por questões de dificuldade financeira, os programas que eram feitos, tais como viagens e passeios, foram colocados temporariamente de lado. Até aí, percebo no seu relato, algo que vem acontecendo com milhões de brasileiros nos últimos tempos: a queda no padrão de vida, devido à crise financeira e à onda de desemprego que vem assolando o país, com números alarmantes. Não foram relatados conflitos entre vocês por questões de ordem financeira, num primeiro momento.

Na sequência da sua mensagem, surgiu um problema de ordem familiar. A casa na qual vocês moram, fica muito próxima à residência dos seus pais e, ao que tudo indica, essa proximidade passou a gerar uma tensão no relacionamento, devido às opiniões dos seus pais. De acordo com sua esposa, ela inclusive, se afastou deles, pelo excesso de palpites na vida do casal. Essa foi a interpretação dela. A sua não foi na mesma direção. Não considera palpite, mas, sim, orientações, da mesma forma que a família dela faz. Neste momento é que consegui detectar uma insatisfação por parte dela, pelo fat o de vocês não estarem em condições financeiras de mudar de casa. A solução encontrada por ela foi, portanto, a de se afastar da sua família. A partir desses dissabores, o resultado foi o de não procurá-la para relações sexuais, no intervalo de um mês. De acordo com o que foi dito, não por retaliação, mas sim, por motivos psicológicos que, pelo visto, foi uma certa perda momentânea de graça na parceira. Pra piorar, ela começou a sair com algumas amigas solteiras, que estão na farra e que saem vários dias por semana. Sua insatisfação só fez aumentar, principalmente, porque ela passou a não ter o mínimo de tempo pra você.

O que mais me deixou confuso no seu relato foi o fato dela argumentar que só está agindo assim porque você fez a mesma coisa. Mas, que coisas seriam essas? Sair com os amigos e voltar de madrugada? Parar de procurá-la para sexo? Ficar demais no whats app? O que mais? De acordo com a fala da sua esposa, você errou primeiro. Quais seriam esses erros? Volto a dizer, que tive um pouco de dificuldade para compreender seu relato. Pra piorar as coisas, ela disse que está cansada dessa vida de trabalhar e cuidar de casa. Ora, mas que tipo de vida ela queria? De madame? Se for, infelizmente, você não poderá ser capaz de proporcioná-la, pelo menos, não neste momento. Ou será que ela está se referindo à vida de casada? Por outro lado, você diz que sente que ela também te ama, que reconhece os tais erros mencionados e que não pensa em separação.

Dicas pra você: creio que esteja na hora de uma boa conversa para tentar ajustar os ponteiros da relação. Essa coisa de “eu vou fazer, porque você fez também” pode jogá-los numa espécie de ciclo vicioso que, se não for quebrado o quanto antes, pode transformar a vida de vocês em um verdadeiro inferno. Penso que exista uma necessidade urgente de cada um propor o que deseja e quais são as coisas que ambos precisam fazer para que a relação possa voltar a ser de bom convívio, assim como era no início. De repente, até uma mudança de casa pode vir a ser negociada. Vocês poderiam, por exemplo, alugar a casa em que moram e procurar uma outra para vocês também alugarem. Com o dinheiro do imóvel que locarem para terceiros, iriam pagar o aluguel do imóvel no qual passariam a viver, percebe? Nesses momentos de escassez financeira, a criatividade é algo extremamente necessário para se melhorar o padrão de vida.

Além disso, penso ser fundamental saber qual a proposta de vida que ela realmente busca pra si. Se a resposta for  – vida de mulher solteira – , penso que será muito difícil manter a relação. E, trabalhar e cuidar de casa, são coisas que as pessoas que se casam, optam por fazer –  a não ser em situações de gente milionária, o que não é o caso aqui. Chame-a para essa conversa, diga o que deseja, peça desculpas pelos erros e proponha um novo caminhar. Tudo irá depender da resposta e das solicitações que ela lhe fizer. Boa sorte pra vocês e não deixe mais o tempo passar!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

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