Meu sobrinho está me furtando diariamente. O que fazer?

 

“Boa tarde, Dr. Douglas Amorim. Preciso de uma ajuda sua. Tenho um sobrinho adolescente, de dezesseis anos. Ele está praticando furtos (pegou dinheiro na minha bolsa e pegou o cartão da minha mãe). Fez saques que somam quase dois mil reais. Estamos sem saber o que fazer, pois suspeitamos que ele não diz a verdade quando perguntamos o que teria feito com dinheiro. A resposta é a de que “gastou no shopping fazendo lanches”. Infelizmente, meu sobrinho está andando com más companhias. Pensamos em mandá-lo para outra cidade. Por favor, nos oriente. Obrigada”.

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Resposta:

Querida leitora, pelo que pude entender, parece que seu sobrinho mora com você sua mãe, certo? Fiquei com esta impressão porque, em nenhum momento, você citou os pais dele. Pois bem. Não sei qual o motivo dele morar com vocês. Não sei se os pais faleceram ou não têm condições de cuidar do jovem. Fato é, que ele ainda é menor de idade e carece de orientação, uma vez que está praticando alguns furtos dentro de casa. Pegar dinheiro na bolsa de uma pessoa é algo muito grave, isso, sem falar na questão do cartão que foi surrupiado. Algo que também chamou a minha atenção, foi o fato dele ter conseguido fazer saques com o referido cartão. Para se fazer isso, é necessário ter uma senha. Quem forneceu essa senha a ele? Isso ficou um pouco estranho, na minha humilde opinião.

Ele se nega a dizer o que foi feito com o montante de dois mil Reais, ou então, dá respostas evasivas como “gastei com lanches no shopping”. É claro que sabemos que isso não é verdade. Infelizmente, ao que tudo indica, ele não irá confessar. Obviamente, vocês não irão torturá-lo para que ele diga o que fez com o dinheiro. Portanto, penso que, a partir deste episódio, devemos começar a olhar para frente e não para trás. Em síntese, pensar o que pode ser feito para melhorar o comportamento deste jovem que, daqui a pouco t empo, será um adulto formado. Um sujeito com dezesseis anos tem plena compreensão do que é certo e do que é errado. Não adianta querer se esconder atrás de desculpas esfarrapadas. Portanto, mais do que nunca, é chegado o momento de se ter uma boa conversa com ele. Está na hora de intimá-lo a ter um comportamento mais responsável.

Mas, como fazer isso? Em primeira instância, o adolescente precisa saber que o mundo não funciona do jeito que ele quer e que, aprender a lidar com as dificuldades, é algo fundamental para se tornar um adulto digno. Se ele está vivendo com vocês, está na hora de colocar limites em seu comportamento com pulso firme. Basicamente, dizendo que ele tem toda a liberdade de fazer as escolhas que bem entender. E, que será o responsável por cada uma das consequências que serão oriundas de tais opções. Se escolher fazer coisas erradas, terá de arcar com isso. Cada atitude errada de agora em diante terá de ter algum tipo de punição. Ela pode vir na forma de restrição branda de certas coisas que vocês dão a ele como mesada, vídeo-game, computador, internet, viagens etc., até punições mais severas como esta que você mencionou, de enviá-lo para morar em algum lugar que o desagrade. Particularmente, penso que estava deva ser a última escolha, a não ser que, o comportamento dele, principalmente vinculados a roubos, esteja insuportável.

Dicas pra você: infelizmente, eu já vi pais desistirem de filhos, após exaustivamente tentar educá-los, orientá-los e prepará-los para a vida, em vão. São jovens que não aceitam nenhum tipo de limite e que acham que podem tudo. Não raro, apresentam envolvimento com drogas e, por vezes, acabam vendendo tudo o que tem dentro de casa para sustentar o vício. É com pesar que vejo pessoas escolherem seguir caminhos tortuosos na vida, mesmo tendo pais que tentaram os orientar. Uma opção também pode ser a de procurar um bom psicólogo para ajudá-lo em suas dificuldades emocionais, desde que ele queira, é claro. Fazer terapia, obrigado, não funciona pra ninguém. Se ele recusar também este tipo de ajuda, não há o que ser feito. Como disse mais acima, ele tem todo direito de escolher seguir o caminho que bem entender e arcar com as responsabilidades de suas escolhas. E você e sua mãe, têm todo o direito de não ficarem vulneráveis e inseguras dentro da sua própria casa. Sempre sou a favor do diálogo e da orientação, desde o que o outro queira. Caso contrário, não é diálogo. É monólogo. Pense nisso, seja firme com ele e boa sorte pra vocês!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

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