“Bom dia, Dr. Douglas Amorim! Sou recém separado. Não me casei formalmente. Apenas decidi morar com minha namorada e nos separamos numa boa, em janeiro de 2015. A separação ocorreu devido às crises de ciúme doentio, humilhações constantes por parte dela e autoritarismo na relação. Em parte, também tive culpa, pois, em 2010, precisei me ausentar durante a semana e deixá-la com nosso filho, para estudar em Belo Horizonte. Só os encontrava nos finais de semana. Portanto, acabei fazendo com que ela desempenhasse o papel de pai e mãe. Ainda gosto dela e, como temos nosso filho como vínculo (uma criança de 04 anos), passei a questionar se seria viável voltar para o interior e morarmos juntos, pois é nessa cidade que será minha futura casa e fonte de renda pra mim. Tenho receio da minha família não aceitar essa decisão polemica e de que todos se voltem contra mim. Afinal de contas, eles foram testemunhas da minha “prisão”, durante o período em que vivi com minha ex. Penso em voltar por causa do nosso filho, que mora com ela, e que, futuramente, poderá ser essa ponte para nos reaproximar. Obrigado”.
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Resposta:
Querido leitor, achei sua mensagem um pouco bagunçada. Por isso, vamos tentar colocar ordem na casa. Você disse que não se casou formalmente. Porém, penso que isso seja o de menos. Ao escolhermos viver com alguém, automaticamente, essa pessoa se torna nossa companheira. Portanto, ire me referir a ela como sua ex-mulher. No seu texto, consta que ela teve ciúme doentio, te humilhou em algumas ocasiões e que era uma pessoa bastante autoritária. Essa descrição é grave porque, viver com uma pessoa que apresenta tais comportamentos, torna a relação um verdadeiro inferno, fazendo com que o convívio se torne praticamente inviável.
Ainda de acordo com sua análise, você se considera de certa forma culpado, pelo fato de ter vindo estudar em Belo Horizonte. As perguntas são: como foi que se deu essa decisão? Foi algo negociado entre vocês ou simplesmente você comunicou tal escolha e ponto final? As respostas a essas perguntas fazem toda diferença, porque não são todas as pessoas que dão conta de ser felizes, com maridos ou esposas que vivem viajando a trabalho, ou que moram em cidades diferentes, e que retornam apenas aos finais de semana. Se ela já era uma pessoa ciumenta e isso não foi devidamente acertado entre vocês, todas as dificuldades emocionais dela foram potencializadas em virtude da sua ausência. Isso, sem mencionar no quanto foi trabalhoso pra ela, ter de cuidar sozinha de uma criança.
Entendi que você ainda gosta dela e que gostaria de tentar a reconciliação. Agora, a pergunta é: você sabe se ela está disposta a isso? E se ela não estiver? No caso da resposta ser positiva, isso irá demandar muito diálogo por parte de vocês e penso que a iniciativa de começar essa conversa deva ser sua. Se ela não estiver disponível, penso que não haja muito o que se fazer. No caso de existir essa possibilidade, não acho que você deva deixar-se intimidar por questões de ordem familiar. Sempre digo aos meus pacientes e leitores que, nossas escolhas afetivas, são totalmente íntimas e ninguém tem o direito de tentar intervir. Pode-se, no máximo, opinar e orientar. Fora isso, nada.
Dicas pra você: você disse que ainda gosta dela. Em outra parte, menciona seu filho como justificativa pra voltarem e, até mesmo, fazer uma ponte entre vocês. Acho prudente você tentar separar uma coisa da outra. Voltar um relacionamento, colocando esse peso nas costas de uma criança, não é algo saudável. Ela não tem de ser ponte de nada. A ponte tem de ser construída por você e sua ex-mulher, dependendo da disponibilidade e da maturidade de ambos. Se ela não tiver esse desejo, e você voltar para a cidade, ainda por cima morando na mesma casa, tudo pode se tornar um desastre. Vocês podem levar uma vida de gato e rato e seu filho pode ficar bastante prejudicado por testemunhar tal realidade. Portanto, antes de mais nada, penso ser adequado procurá-la, falar sobre seus sentimentos e desejos. Só existe um acordo quando duas pessoas comungam dos mesmos ideais. Se ambos não convergirem, nada feito. Neste caso, você até poderá voltar pra sua cidade e desempenhar a atividade profissional que deseja, porém, sem morar na mesma casa. A partir de uma conversa clara e honesta, é que se constatará a viabilidade de retorno, ou não. Cuidado para não tentar reatar a relação, achando que seu filho será garantia de sucesso nessa empreitada. Boa sorte!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
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Instagram:@douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Muito bom esta de parabens.