Devo me casar com meu primeiro namorado? Queria conhecer outros homens…

“Olá, Dr. Douglas Amorim. Tenho 24 anos e estou vivendo um dilema. Namoro há 07 anos e estou com o casamento marcado.  Acontece que, como eu comecei a namorar com apenas 17 anos, meu noivo foi o meu primeiro e único homem. E, mesmo de beijo na boca, tive pouquíssima experiência antes dele; quase nenhuma. Eu o amo, nós nos damos bem, temos muita afinidade, mas, com a proximidade do casamento, tenho me sentido insegura. Às vezes fico achando que deveria ter experimentado outros caras antes de me casar. Ter ficado com mais homens, ter namorado mais, ter transado mais etc. Eu sou feliz com meu noivo, mas, esses pensamentos me incomodam muito. Por que estou sentindo este tipo de coisa? Você pode me ajudar? Muito obrigada e, gostaria de dizer, que acompanho o blog diariamente. Você está de parabéns”. 

 

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Resposta:

Querida leitora, antes de mais nada, muito obrigado pelos elogios e por acompanhar meu blog.  Cada relacionamento tem uma história que é absolutamente singular. Existem pessoas que se casaram com 01 mês de namoro e deu super certo. Outros, namoraram 12 anos e, após se casarem, tudo deu errado.  Alguma pessoas se casaram 03 vezes e, somente na terceira vez, conseguiram ser verdadeiramente felizes. Existem também, pessoas que tiveram um único parceiro a vida toda e foram felizes. Outros foram felizes por um tempo, mas, num dado momento, a relação naufragou e a consequência foi a separação. Ninguém tem autoridade para afirmar taxativamente qual seria a receita certa para a prosperidade afetiva, exatamente pela diversidade de possibilidades de êxito e de fracasso.

Do ponto de vista social e cultural, é preciso pensar que, a sociedade brasileira, vem sofrendo profundas transformações, em vários aspectos, entre eles, o da sexualidade. Eu desconfio que, se estivéssemos na década de 1970 ou antes, muito provavelmente você não me enviaria uma pergunta como esta. É muito comum vermos muitas de nossas mães e avós, dizerem que tiveram apenas um namorado durante toda a vida e que se casaram com ele. Isso, sem falar que, neste período, era quase obrigatório a mulher ter de se casar virgem. As transformações da sexualidade brasileira, sobretudo no comportamento feminino,  ocorreu após o lançamento da pílula anticoncepcional. Este medicamento trouxe uma liberdade sexual muito maior para as mulheres. A partir dela é que sexo foi desvinculado da reprodução e, a obrigação

da mulher ter de casar virgem, aos poucos foi caindo por terra.

Obviamente, você tendo 24 anos em pleno século XXI, se questiona sobre ter tido um único namorado durante toda a vida. Possivelmente, a história de suas amigas seja bastante diferente da sua porque, antes, o que era regra, tornou-se exceção. Adolescentes de 15 ou 16 anos já tiveram mais de um namorado e, consequentemente, mais de um parceiro sexual. Este post não se dedica a refletir se isso é ou não saudável, porque este não é o ponto principal da sua mensagem. A ideia é apenas a de ilustrar que seu comportamento é mais congruente com o de outras épocas. Há algo de errado nisso? É claro que não, ora. O que me deixaria preocupado seria você dizer: estou prestes a me casar, mas não acho que o amo o suficiente. Isso sim, seria um problemão.

Dicas pra você: não existe fórmula única para que uma relação amorosa dê certo. Nada garante que, ter ficado com mais pessoas, garantiria a você, um casamento feliz com alguma delas. Além do mais, podemos pensar até mesmo em você ser uma  felizarda que, em sua primeira experiência afetiva, descobriu um amor para a vida inteira. Já recebi aqui no blog, dezenas de perguntas enviadas por pessoas infelizes em suas relações e que parecem nunca encontrar alguém que as façam verdadeiramente realizadas. Você mesma diz que ama seu noivo e se sente feliz com ele. Por outro lado pergunta: “por que estou sentindo isso”? Digo que é pura e simplesmente, uma influência sócio-cultural contemporânea. Neste cenário, uma história como a sua, deixou de ser usual para ser uma exceção, percebe?  Porém, uma exceção muito saudável, porque é uma escolha e não uma obrigação como em outras épocas. Portanto, avalie sua relação pela felicidade que você sente com ele e não por alguma influência externa. Boa sorte e seja feliz!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

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