“Prezado Dr. Amorim, sou educadora e estou atuando na área há exatos 22 anos. Durante todo este tempo, nunca aconteceu comigo o que vou relatar. No ano de 2014, chegou à escola onde atuo, uma professora que, inicialmente, se mostrou ser uma pessoa agradável, educada e sincera. Rapidamente, ela conseguiu conquistar algumas pessoas da escola, e outras não. Formamos então um grupo seleto de colegas e começamos a nos encontrar aos finais de semana, para conversar, nos alegrar e aliviar a rotina pesada da sala de aula. Mas, de repente, começou a agir de forma grosseira, demonstrando uma certa competição quanto à atenção e formas de agir, como se quisesse se comportar imitando o outro, que, no caso, era eu. Começou então a me usar para mostrar às pessoas que ela uma pessoa culta, ponderada, amiga de todos, porém, sempre falando mal pelas costas e, em muitos momentos, agressiva e com atitudes muito estranhas para comigo, na frente de outras pessoas. Fiquei deprimida, pois, até então, acreditava que ela era uma pessoa amiga e fraterna. No entanto, descobri que ela é perigosa, porque joga uns contra os outros e faz coisas para nos prejudicar profissionalmente e pessoalmente frente às chefias e amigos. Com o tempo, todos nós, que estávamos neste grupo fraterno, nos afastamos, e a situação ficou tão séria, que tive de buscar uma orientação espiritual (católica) e profissional (psicólogo), além de um cardiologista, pois, meu estado emocional estava tão abalado, que comecei a ter taquicardia, ao ouvir a voz dela. Diante disso, o psicólogo e padre que procurei, me orientaram a afastar dela, por entenderem que é um comportamento doentio, típico de um psicopata. Não detalhei para o Sr. como ela faz, mas é tudo muito esquisito, perigoso e cruel. A impressão que temos é que ela sofre de alguma perturbação. Gostaria de sua opinião”.
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Resposta:
Querida leitora, felizmente você procurou orientação pra lidar com o problema que relatou. Frequentemente, nos deparamos com pessoas que não nos fazem bem. Isso pode acontecer nas mais variadas direções. Pode ser um cliente que te faz mal, pode ser um aluno, um relacionamento afetivo, pessoas do trabalho e, até mesmo, gente da nossa própria família. É fundamental ficarmos atentos a estes indivíduos e aprendermos a identificá-los o quanto antes. Muitas foram as vezes em que atendi pacientes que se relacionavam com pessoas que eram extremamente nocivas e que chegavam até a adoecê-los. Penso ser esse o ponto fundamental da minha resposta pra você. Sempre que ficarmos doentes, em virtude da nossa relação com alguém, precisamos nos perguntar qual é a nossa parcela de contribuição nesse quadro. Ou seja, por que permitimos que isso ocorra conosco?
As respostas são muito variadas, porque, inúmeras são as situações em que alguém pode ser tornar tóxico para nós. No seu caso, você estabeleceu uma amizade com uma pessoa que se mostrava interessante, sincera, agradável e delicada. No entanto, com o passar do tempo, foi constatado que ela era exatamente o oposto disso, Ou seja, lobo em pele de cordeiro. A impressão que eu tenho, é a de que ela agiu simplesmente como uma personagem. Colocou a máscara da agradável e simpática, num primeiro momento. Porém, depois de um curto período de tempo, ela não conseguiu sustentar esse papel e, o que veio à tona, foi quem ela era de verdade. Uma pessoa intrigueira, agressiva, que age pelas costas e que deseja o mal dos outros. Felizmente, todos do seu grupo tiveram a mesma percepção e começaram a isolá-la. E penso que é assim que deva ser. Gente que não sabe viver em sociedade, de forma fraterna e leal, tem de acabar ficando sozinha, mesmo.
Não tenho como dizer a você se ela é psicopata ou não. Os meus pacientes e leitores sabem que não costumo fazer diagnósticos à distância. Primeiro, por não ser possível do ponto de vista técnico e, segundo, porque se o fizesse, estaria tendo uma conduta antiética. Entretanto, o que posso afirmar é que se trata de uma pessoa com a qual não vale a pena estabelecer qualquer proximidade e que, insistir nisso, pode até mesmo, ser perigoso. Você ficou doente e teve de procurar, inclusive, tratamento especializado, em virtude da taquicardia que te acometia ao ouvir a voz dela. Possivelmente, esse sintoma surgiu em virtude da ansiedade e do mal estar psicológico que ela lhe trazia.
Dicas pra você: querida leitora, quando passamos por situações que nos fragilizam emocionalmente, o mais coerente, é procurar ajuda. No seu caso, as orientações buscadas foram de um padre e de um psicólogo. Ou seja, a orientação espiritual que era a mais adequada pra você (pra outras pessoas poderia ser diferente, como procurar o pastor, ou o ministro de determinada igreja, entre outros) e orientação profissional, feita por um psicólogo. Tudo foi feito como manda o figurino. Se ambos lhe orientaram na direção de se afastar dela, eu digo o mesmo. A vida já nos trás muitas dificuldades e temos a obrigação de lutarmos para fazermos o nosso dia a dia mais leve. Mantenha seus encontros com suas amigas, faça atividades que considera prazerosas, continue seu trabalho como educadora – que é uma das atividades mais nobres que existem – se afaste dessa pessoa, e seja feliz. Boa sorte e vida que segue!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
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