“Olá, Dr. Douglas Amorim. Tenho 24 anos e sofro com a minha relação com meu pai desde que me entendo por gente. Meu pai é um homem extremamente ignorante, violento e nervoso. Minha casa sempre foi tensa, cheia de gritaria e violência. Cresci nessa atmosfera. Ele é alcoolista e já o presenciei agredindo minha mãe, quando tinha 07 anos. A relação dos dois nunca foi boa. Em 2012 descobri que ele tinha uma amante e resolvi contar para minha mãe. Ele se fez de vítima, pediu desculpa e minha mãe, mais uma vez, o perdoou. A partir disso ele começou a me atacar mais. Sempre que pode grita comigo, me agride e age como se eu fosse uma cachorra. Estudo na UFMG e não tenho condições de trabalhar, pois tenho aula o dia todo. Ele sempre joga isso na minha cara e me chama de folgada. Já o ouvi várias vezes falando com a minha mãe que, na minha idade ele já estava casando, e nem trabalhar eu trabalho. Ultimamente as coisas estão ficando piores e sei que se nenhuma medida for tomada o pior vai acabar acontecendo. Penso em trancar a faculdade, arrumar um emprego e sair de casa. Ando pensando em suicídio, porque sei que essa mágoa dentro de mim não vai sair, mesmo eu morando em outro lugar. Tenho muitos amigos mas morro de vergonha de contar o que se passa em minha casa. Não tenho coragem de dizer essas coisas pra minha mãe pois sei que ela vai dizer que é tudo frescura da minha parte. Por isto estou aqui lhe escrevendo e pedindo um conselho sobre como devo agir. Agradeço por sua atenção”.
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Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
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Me identifiquei muito com sua história, saiba que não está sozinha. Quando acontecia comigo eu achava que era a única pessoa no mundo que passava por isso, todos os meus colegas eram felizes, menos eu. Também morria de vergonha, fingia pra todos que era feliz, algumas vezes até a polícia ia na minha casa tamanho era o barraco….eu só queria morrer. Crescer num ambiente assim é horrível, sei bem como é, foi assim comigo também. Destruiu minha autoestima, eu afastava as pessoas com medo que elas descobrissem “meu segredo”. Acho que faço isso até hj, por instinto. A vida seguiu o curso e ele morreu. Anos de inferno. Vc está certa, a mágoa não sai, pra mim foram anos de terapia. Só conte se for alguém em quem vc confia muuuito, o melhor mesmo é começar sua terapia AGORA…queria que alguém tivesse me dito isso na época do meu inferno… Isso acaba com a cabeça da gente. Não deixe que aconteça c vc o que aconteceu comigo, busque apoio psicológico agora. Muita luz para todos aqueles que passam ou já passaram por isso . Não abra mão dos seus sonhos e acredite: tudo passa.
Obrigado pelos elogios, Fernanda! Fico feliz por saber que ajudo pelo menos um pouquinho!
Minha querida me identifiquei com sua situação, passo pelos mesmo problemas que você porém com um agravante a mais além de conviver com meu pai alcoólatra que já está nessa situação há 17 anos e que já teve 4 internações em clinicas particulares para tratar o alcoolismo mas sem resultado, além disso convivo com um irmão esquizofrênico que surta sempre e precisa de internação. Por favor não desista da sua vida siga os conselhos do Dr. Douglas procure o ambulatório de psicologia da UFMG, cuida de sua saúde mental, emocional pra ter forças pra lidar com isso. Pois o que tem me ajudado e ajuda é fazer terapia pra seguir em frente, também, estudo faço faculdade de nutrição estou no penúltimo ano e trabalho isso que tem me dado forças pra seguir em frente e pra ir em busca dos meus objetivos , já teve dias que pensei em desistir até porque somos ser humanos mas lute com todas as suas forças, você é jovem e tem um futuro imenso a sua frente. Se você quiser entrar em contato comigo sinta se a vontade podemos conversar e até sermos amigas meu email e: fernandaalves@dasa.com.br.
Dr Douglas muito obrigada por nós ajudar com seus conselhos, por esse blog onde podemos desabafar e ouvir seus conselhos suas orientações. Sigo o senhor no Instagram também parabéns o mundo precisa de mais profissionais como os senhor, mais humanização.
Confesso que lendo esse relato me senti muito triste. Mais triste ainda quando li que você tem muitos amigos mas não conta a eles por vergonha. Vergonha de desabafar? Não, não acredito que seja vergonha. Acredito mais que seja medo ou temor que alguém te julgue por suportar tamanha violência. Mas penso que, se você tem um amigo, dentre esses muitos, em que você possa confiar, porque não conversar, pedir uma orientação, desabafar. Existem momentos na vida da gente em que é preciso deixar a vergonha, o medo e a falta de coragem de lado e seguir em frente. Pense nisso. Não deixe que essa situação te leve para um abismo maior do que esse em que você está vivendo. Que Deus abençõe a sua vida.
Bobagem sair de casa. Com o tempo ele vai envelhecer, virá o declínio físico e mental ele ficará dependente dos filhos e finalmente irá morrer. Aí sentirás falta dele. Aconteceu comigo. Faz parte da vida.
Amiga, vc não está só. A maioria das pessoas enfrentam problemas sérios de berço. Não se desespere.. Tenha calma e fé em Deus. Não sei como é sua relação com Ele, mas pense nisso: ninguém está só para enfrentar os desafios da vida. Agarre-se ao que é Divino e Eterno. Jamais pense em suicídio, essa é sempre a pior saída. Agarre-se ao que vc tem, pelo visto boas amizades te acompanham, apegue-se a elas! Escolha uma ou duas amigas e abra o jogo, peça ajuda! Tenha paciência em casa, ignore seu pai, tente se aproximar da sua mãe, procurando ajuda-la tbm, pois ela com certeza está precisando. Tente aguentar até se formar. Trancar a faculdade só vai adiar e piorar o problema. Depois que vc se formar, procure um emprego e saia de casa, talvez dividindo o aluguel com uma amiga? Acima de tudo, não perca a fé. E acredite em mim, a gente nunca está só. Ele é por nós. Peça e receberás! Deus te abençoe. Amém.