DC e Marvel estrearam novas séries em live action em streamings recentemente e, se fosse o caso de uma disputa entre as duas editoras, a vitória teria sido de lavada. Enquanto a DC nos deu Pinguim (The Penguin), produto derivado do último filme do Batman (2022) com foco no vilão, a Marvel finalmente trouxe Agatha Desde Sempre (Agatha All Along), protagonizada por uma bruxa pouco conhecida lançada em Wandavision (2021) – e esperada desde então.
Criada nos quadrinhos em 1969 por Stan Lee e Jack Kirby, Agatha Harkness era a governanta e babá de Franklin, filho do casal fantástico Reed e Sue Richards. Após ajudar o Quarteto Fantástico em uma batalha, ela revela ser uma bruxa e descobrimos que ela fazia parte das Bruxas de Salem, tendo traído e deixado as colegas para seguir um caminho no bem. Na TV, Agatha foi apresentada quando Wanda Maximoff sequestrou uma cidade inteira e criou uma vida idílica de sitcom na série Wandavision.
Percebendo que Wanda tinha poderes que a caracterizavam como a mítica Feiticeira Escarlate, Agatha foi à tal cidade, mas, ao invés de conseguir roubar os poderes da rival, acabou aprisionada e vivendo uma vida falsa como policial. A nova série começa aí, novamente com Kathryn Hahn no papel. Um jovem gótico (Joe Locke, de Heartstopper) a liberta da prisão mental de Wanda e ela parte em busca de seus poderes. Para consegui-los, ela precisa formar um grupo de bruxas e passar por um tal Caminho das Bruxas.
Os dois primeiros episódios liberados pelo Disney+ mostram um tom mais cômico, numa trama boba, apresentando um grupo de bruxas que se detesta, mas pretende usar umas às outras para conseguirem voltar a seus dias de glória. Fica difícil prever como essas personagens vão se encaixar nas próximas produções do Universo Cinematográfico Marvel, ou se essa série é apenas um alívio cômico que será relevada, como parece que farão com o Cavaleiro da Lua e a She-Hulk. De qualquer forma, como atração isolada, não parece destinada à grandeza.
Já na DC a conversa é outra. Pertencendo ao mundo sujo e corrupto da Gotham City criada por Matt Reeves, Pinguim já é uma produção da nova fase do Universo DC, agora comandado por James Gunn e Peter Safran – mesmo que à parte dele, já que Batman nunca deve se encontrar com outros heróis. Novamente com um Colin Farrell irreconhecível debaixo de tanta maquiagem e látex, o personagem tem sua história desenvolvida. Oswald “Oz” Cobblepot era apenas um capanga mais alto na hierarquia da quadrilha, e tem a oportunidade de crescer quando o chefe Carmine Falcone é morto (o que acontece em The Batman). Na série, vemos Oz aproveitando essa chance.
A obra tem um tom bem cru, lembrando os bons filmes policiais clássicos, e promete colocar Oz nessa galeria de mafiosos ficcionais marcantes. Além de Farrell, muito à vontade no papel, mesmo debaixo de tanto disfarce, temos Cristin Milioti (de How I Met Your Mother) chamando a atenção. Ambos conseguem ser carismáticos, mesmo tratando-se de dois psicopatas, e o embate entre eles promete.
Tanto Agatha Desde Sempre (no Disney+) quanto Pinguim (na HBO) têm seus episódios divulgados um a um, o que diminui a sensação de culpa do espectador, que sente que está sempre atrasado quando a série é lançada de uma vez. Quem gosta de adaptações de quadrinhos deve continuar acompanhando, tendo duas experiências bem distintas, mesmo as fontes sendo de origens próximas. Vamos aguardar as consequências das obras em seus respectivos universos. O Pinguim de Farrell já está confirmado em The Batman: Part II (2026).
PS: Fica a dica para Batman: Cruzado Mascarado (Caped Crusader), animação em 10 episódios disponível no Amazon Prime Video. Desenho e roteiros primorosos num clima anos 40, com vilões interessantes e menos óbvios.
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