Muito mais que um Trapalhão, Mussum ganha homenagem

Chegou aos cinemas a vida de um grande brasileiro que talvez não tenha seu devido valor reconhecido. Antônio Carlos Bernardes Gomes era um sambista naturalmente engraçado que acabou virando comediante e entrava todas as semanas nas casas de milhares de espectadores como um dos Trapalhões. Mussum – O Filmis (2023), atualmente na quarta posição entre as maiores bilheterias no país, foi o grande vencedor na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado e funciona como uma bela homenagem.

O carismático Ailton Graça (de M-8, 2019) lidera o elenco vivendo o protagonista em idade adulta, e Yuri Marçal (de Vale Night, 2022) faz o mesmo papel, mais jovem, sendo tão bem sucedido quanto o colega. Carlinhos, como Antônio Carlos era conhecido, era um menino pobre, criado pela mãe, que parecia destinado às Forças Armadas, mas o samba falou mais forte. Muitos devem conhecer Mussum apenas dos programas humorísticos, o que torna mais interessante saber quais caminhos a vida dele tomou. E ainda conferimos a caracterização de várias outras celebridades que aparecem aqui e ali. A semelhança de Gustavo Nader e Zacarias é impressionante!

Além de Graça e Marçal dividirem um personagem, Cacau Protásio (de O Porteiro, 2023) e Neusa Borges (da série Auto Posto) fazem o mesmo com a mãe de Mussum, Malvina. Todos são bem sucedidos, quase sem exageros, e Paulo Cursino, o roteirista (de Vizinhos, 2022), consegue fugir das armadilhas do dramalhão, do choro fácil. Silvio Guindane, ator que faz sua estreia na direção de um longa, conduz com mão leve e evita o tom episódico que cinebiografias costumam ter, apenas passando pelos fatos cronologicamente.

Um elemento que sem dúvida chama a atenção nesse Mussum – O Filmis é a trilha sonora. Além dos Originais do Samba, grupo do qual Antônio Carlos fazia parte, temos muitos outros artistas que passam pela história e dão uma palinha. Jorge Ben e Elza Soares são alguns deles, bem representados e tocados. Max de Castro, responsável pela trilha, foi outro premiado em Gramado, num total de seis estatuetas. Prêmios merecidos para um filme bem feito que ainda vai levar muito público aos cinemas.

As duas versões de Os Trapalhões

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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