A família Toretto chega ao décimo Velozes e Furiosos

Você pode até não ter assistido a todos os episódios, mas nada que vá incomodar caso decida encarar o décimo Velozes e Furiosos (Fast X, 2023). Trocentos personagens dão as caras, mas os diálogos fazem questão de explicar de forma simples quem é quem para garantir que o público não fique perdido. E rapidamente o filme parte para o que importa: corridas, batidas, explosões e pancadaria. Tudo de forma frenética, com poucos momentos de respiro.

Velozes e Furiosos 10 é exatamente o que se pode esperar dele e, como de costume nessa franquia, ele acaba entregando até mais do que se espera. Personagens destemidos desafiam todas as leis, até as de Newton, e os embates conseguem ser empolgantes, já que o risco de morte realmente existe, não sabemos quem chega vivo ao final. Momentos de risos involuntários não faltarão e ganham das piadinhas sem graça de Roman Pierce (Tyrese Gibson). E, como sempre acontece em filmes americanos, quem aparece falando português o faz com sotaque de Portugal, mesmo sendo carioca.

Como de costume, esta aventura trata de família. Sendo ou não de sangue, aquelas pessoas se consideram família e farão de tudo uns pelos outros. E a trama volta no quinto filme, aquele passado no Rio de Janeiro, para refazer parte da história e inserir uma busca por vingança. Um filho (o “Aquaman” Jason Momoa) quer pegar o responsável pela morte do pai (Joaquim de Almeida) e ele não poderia ser outro: Dominic Toretto (Vin Diesel). Aposentado da vida de emoções radicais, o sujeito só quer se dedicar ao filho pequeno (Leo Abelo Perry) e à esposa (Michelle Rodriguez), mas os pecados do passado vão alcançá-lo.

Carros voando e loucuras do gênero a gente já espera e releva. Diálogos açucarados com odes à família, também. Algumas conveniências do roteiro chegam a incomodar, como personagens chegando do nada exatamente no momento em que são necessários. Ou um combinado entre duas pessoas que magicamente chega a uma terceira. Só que a sequência da ação é tão rápida que não sobra tempo para pensar em nada disso. Justin Lin, diretor de cinco dos dez filmes da franquia, é um dos roteiristas aqui e deixou a direção a cargo do experiente Louis Leterrier (de Carga Explosiva, O Incrível Hulk e vários outros), que sabe bem o que faz.

O resultado desse Velozes 10 é facilmente compreensível, já que a montagem e os cortes não atrapalham o seguimento dos fatos mostrados. Nem sempre é previsível, já que é difícil prever tanta barbaridade, o que é um ponto positivo. E o vilão, um sociopata claramente calcado no Coringa de Heath Ledger, dos trejeitos ao figurino, de fato inspira receio. Somando tudo isso, o longa já é melhor que boa parte da série. O que não significa ser exatamente bom, mas ninguém pode negar que seja divertido. Ou seja: cumpriu seu papel. Agora, é só aguardar pelos próximos dois, que devem concluir a saga da família Toretto.

Leterrier (atrás) se diverte com seu elenco

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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