Está sendo realizado, até o dia 10 de maio, o Festival Filmelier no Cinema, exibindo 20 filmes até então inéditos em circuito comercial em 24 cidades do país (confira aqui a programação). Um desses filmes é Tesla (2020), já há três anos sem lançamento no Brasil que, graças à Sofá Digital, poderá ser conferido. O longa cobre a vida do inventor e narra alguns fatos interessantes, como a relação entre ele e o famoso Thomas Edison.
A narração, onipresente desde o início, parece vir do presente, citando até pesquisas no Google e usando computador. A história propriamente dita começa em 1884, quando Nikola Tesla está em Nova York trabalhando para Edison, já um bem estabelecido homem de negócios. Insatisfeito com a falta de reconhecimento e alegando uma grande dívida não paga, ele deixa o emprego e tenta abrir sua própria empresa. Vamos acompanhando suas desventuras enquanto tenta colocar suas ideias em prática.
No papel principal, temos um Ethan Hawke (de O Homem do Norte, 2022) bem seguro e discreto, fazendo um Tesla calado, absorto em seus pensamentos, incapaz de se interessar por algo que não venha de sua mente. A pobre Anne Morgan (Eve Hewson, de Ponte dos Espiões, 2015) não percebe isso e fica tentando ter um lugar na vida do sujeito. Outro nome conhecido no elenco é o de Kyle MacLachlan (de High Flying Bird, 2019), que faz um Edison tão centrado em si mesmo quanto o colega.
Com o interessante Marjorie Prime (2017) no currículo, o diretor e roteirista Michael Almereyda parece achar o assunto que trata aqui cansativo e fica arrumando formas de torná-lo mais palatável. O fato de termos uma narradora já deixa isso claro, e ela brinca com algumas situações que podem não ter ocorrido da forma como conta. Alguns diálogos buscam mastigar os temas mais espinhosos para o público, como a diferença entre as correntes contínua e alternada e seus usos. Já outros esquecem dessa complexidade e nos deixam boiando. Tudo isso com cara de teatro filmado, aquele ar de filme feito para a TV da década de 90.
Talvez o maior pecado de Tesla seja não deixar clara a importância de seu protagonista – algo que O Grande Truque (The Prestige, 2006) faz muito bem em poucos minutos, com ninguém menos que David Bowie no papel. Ao final, a impressão que fica é que Tesla foi um grande fracassado e ressentido, dando prejuízo a todos que investiram nele. O trabalho de Hawke é a grande razão do filme conseguir ficar na média.
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