Whitney Houston tem sua vida contada no Cinema

Mais uma cinebiografia chega aos cinemas para engrossar um subgênero já rico: I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston (2022) nos conta a trágica história da cantora, como o subtítulo reforça. E comete todos os pecados que as cinebios recentes têm cometido (com raras excessões), sendo o principal deles fazer uma lista de fatos importantes e ir correndo por todos. Check! Próximo!

Contando com roteiro escrito por Anthony McCarten, de Bohemian Rhapsody (2018), em seu quinto trabalho seguido baseado em histórias reais, o longa nos leva ao início da década de 80, quando Whitney cantava na igreja e fazia segunda voz para a mãe (Tamara Tunie, de O Voo, 2012), já uma cantora experiente. Ela sonhava em ter uma carreira própria e as coisas começam a acontecer quando um importante empresário (Stanley Tucci, de Feud) a escuta cantar.

Algumas passagens parecem ser um tanto exageradas, e há muita imaginação envolvida, preenchendo as lacunas do que se sabe ter de fato acontecido. Isso já seria de se supor e nem é problema. Chato é ver que a vida de Houston envolveu tantas questões importantes e interessantes e o roteiro vai apenas enumerando-as. E a montagem, tendo em vista não deixar o resultado muito longo (mesmo tendo ficado com quase duas horas e meia), acaba cortando muita coisa, fazendo umas passagens bruscas entre situações.

Como geralmente acontece em cinebios, o grande chamariz desse I Wanna Dance with Somebody (título inspirado numa música de sucesso de Houston) é a atriz principal: Naomi Ackie (das séries Cupid e Master of None) é muito melhor do que a obra, em geral. Ela faz um ótimo trabalho em fazer a sua própria versão de Whitney Houston, sem imitá-la ou contar com adereços irritantes, usando apenas o seu talento. Mesmo quando o roteiro não ajuda, ela passa verdade, e a química com seus coadjuvantes principais é ótima.

Fora os problemas apontados, o roteiro tem seus acertos e a forma como ele encara de frente a relação amorosa de Whitney com outra mulher (Nafessa Williams, de Raio Negro) é o principal. A pressão para se tornar a princesa da América e o peso de ser o arrimo de toda a família também ganham destaque, o que faz com que o longa não seja esse desastre que alguns têm pregado. E há outro ponto importante a ser colocado: além de algumas imagens de arquivo, as músicas originais são usadas, com a voz de Whitney, o que é fundamental para comprarmos a história dela.

Stanley Tucci posa com o verdadeiro Clive Davis na estreia do longa

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Realmente pensamos de forma muito parecida e fiquei feliz significa que devo estar no caminho certo, já que uma das minhas referências digitou esse texto rsrs
    Muito bom!! \o/

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