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Não Se Preocupe, Querida se baseia em boas intenções

Uma esposa aparentemente nos anos 50 arruma a casa, vai às compras e espera pelo marido linda e com a janta pronta. É o próprio retrato da vida perfeita e de sucesso naquela época. Alice e Jack Chambers são um modelo para aquela sociedade e é aí que a diretora Olivia Wilde aproveita para fazer críticas, começando pelo machismo. Este é um rápido resumo de Não Se Preocupe, Querida (Don’t Worry Darling, 2022), longa atualmente nos cinemas cujos defeitos não podem ser ignorados apenas pela boa intenção.

O segundo filme de Wilde era muito esperado devido ao sucesso do primeiro, a comédia Fora de Série (Booksmart, 2019). Partindo para um material mais sombrio, ela novamente filmou um roteiro de Katie Silberman (uma das responsáveis por Fora de Série), baseado numa história de Carey e Shane Van Dyke (de O Silêncio, 2019). E o principal problema de Não Se Preocupe reside aí, na história, que não é nada original. Várias referências vêm à cabeça, só não vale citá-las aqui para não estragar a experiência de quem não viu.

Filmes como Longe do Paraíso (Far From Heaven, 2002) já examinaram à exaustão esse tipo de cenário à primeira vista idílico, que esconde pessoas infelizes vivendo na mentira. E os caminhos seguidos pela produção de Wilde já foram vistos também, o que derruba qualquer pretensão de originalidade. No papel de Alice, Florence Pugh (de Viúva Negra, 2021) faz o possível, mesmo que o parceiro de cena não seja grande coisa. Harry Styles (de Dunkirk, 2017) ainda não se mostrou um bom ator, se saindo melhor nas trilhas sonoras.

Do elenco, quem se sai melhor é Chris Pine (acima), nosso mais recente Capitão Kirk (da trilogia Star Trek). Na pele de Frank, o chefe daquela sociedade utópica, ele tem a oportunidade de dar camadas ao personagem, tornando-o o mais interessante do grupo. Wilde, como atriz, não faz feio, e mostra que foi uma decisão acertada não ficar com o papel principal, podendo assim se dedicar mais à direção.

Styles, chamado aos 45 do segundo tempo para substituir Shia LaBeouf, é o atual namorado da diretora. Os bastidores de Não Se Preocupe acabaram chamando mais atenção que o filme propriamente dito. A saída de LaBeouf não foi esclarecida, uns jogando a responsabilidade nos outros. Segundo relatos, Wilde e Styles sumiam de repente, e Pugh chegou a afirmar que ela dirigiu mais o longa que a diretora. Quando esse tipo de conversa se sobressai, percebemos que o filme não é assim tão interessante.

Toda a divulgação do longa foi tensa

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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