A sensível série Heartstopper te espera na Netflix

Em meio a tantas adaptações de quadrinhos estreladas por heróis super-poderosos, temos uma nova série também baseada em HQs sobre garotos crescendo e se descobrindo na Inglaterra contemporânea. Já disponível na Netflix há alguns meses, Heartstopper é a versão em carne e osso dos volumes escritos e ilustrados por Alice Oseman. A sensibilidade do material original foi mantida na transposição para a televisão, com um ótimo elenco fazendo jus a situações críveis e diálogos bem elaborados.

Na série Sex Education, também da Netflix, temos um adolescente heterossexual se conhecendo melhor enquanto cresce em uma escola sisuda, sempre acompanhado pelo amigo gay. Em Heartstopper, a dinâmica se inverte, dando o protagonismo a um jovem homossexual que é exposto pelos colegas e se vê obrigado a se assumir aos 15 anos de idade. Ele passa a sofrer ataques constantes e se torna mais tímido, contando apenas com um trio de amigos para apoiá-lo.

A trama nas duas mídias começa quando um professor coloca Charlie Spring (o novato Joe Locke) para fazer dupla com o astro de rúgbi da escola, Nick Nelson (Kit Connor, de Rocketman, 2019). Inicialmente estranhando aquela situação, ele acaba se surpreendendo com o simpático Nick e uma amizade começa ali. Para o terror de seus amigos, que não querem vê-lo se machucar, Charlie começa a desenvolver uma paixonite por Nick, mesmo que tudo indique que o garoto seja hetero.

O mais curioso na série é que acompanhamos os dois jovens muito de perto, sabendo inclusive os que eles estão pensando, já que ambos os atores são bem expressivos, demonstrando emoções sem muito esforço. Os demais nomes do elenco também não fazem feio, com destaque para Yasmin Finney, a tiktoker que fez sucesso contando suas experiências como uma adolescente transgênera. E temos ainda uma ponta recorrente de Olivia Colman (de A Filha Perdida, 2021) como a mãe de Nick, fazendo muito com seus poucos segundos de cena.

Todos os oito episódios de Heartstopper são escritos pela própria Alice Oseman e a direção ficou a cargo do experiente Euros Lyn, cujo currículo inclui Dr. Who, Demolidor e Broadchurch (também com Colman). A competência da equipe técnica e o talento dos atores nos colocam nas cabeças de Charlie e Nick e é um prazer acompanhá-los. Se um adolescente qualquer já passa por inúmeras dúvidas e provações, imagine esses dois, com uma carga extra de dilemas! Torçamos para que a Netflix aprove a realização de uma nova temporada, material de base não falta.

Seis volumes já foram lançados lá fora, possibilitando várias temporadas

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Ótima review. Bem descrita e apresentada o ponto de vista da série.

  • Amei a crítica, essa série é tão delícia que devorei em um dia! Quero uma segunda temporada pra já!

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