Começando com uma rápida contextualização, primordial para quem não conhece a franquia, o novo Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre, 2022) logo estabelece seu ritmo e parte para a matança. Nono filme a usar esse nome (e suas variantes), ele desconsidera os anteriores e volta na fonte, o clássico de Tobe Hooper de 1974.
Contando novamente com a narração de John Larroquette, como no original, este episódio nos revela que houve apenas uma sobrevivente na chacina de Leatherface, como o psicopata texano ficou conhecido. Sally Hardesty, vivida duas vezes pela saudosa Marilyn Burns e agora por Olwen Fouéré (de Mandy, 2018), funciona aqui como Jamie Lee Curtis para o universo de Halloween. Como está em voga, temos a personagem clássica interagindo com novas possíveis vítimas, permitindo à franquia seguir em frente com ares novos.
Quase cinquenta anos depois das famosas mortes, sem nenhuma notícia do maníaco, um grupo de quatro jovens quer levantar a cidade de Harlow, praticamente abandonada devido à má fama. Dois deles, empreendedores famosinhos, têm planos de vender imóveis recém adquiridos e fundar um movimento de restaurantes e bares no local. Outras duas desavisadas os acompanham, e os possíveis investidores logo chegarão.
Curto e objetivo, este novo Massacre da Serra Elétrica foge um pouco das convenções do gênero. Os corpos dilacerados, por exemplo, não ficam escondidos até o último minuto, e o assassino logo se revela. Cortesia da experiente dupla Fede Álvarez e Rodo Sayagues, responsáveis por reviver também a franquia Evil Dead (no longa de 2013). Se o diretor e o roteirista, David Blue Garcia e Chris Thomas Devlin, não são muito conhecidos, a dupla de produtores criou uma história que faz sentido e, ao mesmo tempo, homenageia o cânone.
Se o elenco não é nada memorável, ao menos Leatherface tem uma presença forte o suficiente para deixar o público apreensivo. Vivido pela primeira vez por Mark Burnham, o psicopata está envelhecido e ganha uma relação maternal que lhe dá um pouco de profundidade. Nem por isso torcemos por ele ou algo assim, ele continua sendo o vilão. E não é imortal como Jason ou Freddy, o que o torna uma figura mais trágica e palpável.
Um diferencial desse novo Massacre é trazer, mesmo que discretamente, questões importantes para a discussão. Tem se tornado relativamente comum nos filmes de terror mais relevantes engrossar o caldo com temas como gentrificação, a falência do capitalismo e até racismo, que nunca perde sua relevância e atualidade. Não se engane: o jorro de sangue continua sendo o foco, mesmo que a trama tente ser mais densa. Pena que o final, tentando chocar gratuitamente, vá contra tudo o que foi estabelecido até então.
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