Como de costume, alguns filmes lançados em um ano acabam sendo assistidos no ano seguinte, já que é impossível ver tudo. E mais complicado ainda é escrever uma crítica completa sobre todos. Por isso, segue a primeira parte da repescagem 2021, com comentários rápidos sobre filmes do ano passado assistidos tardiamente.
King Richard: Criando Campeãs (2021)
Cinebiografia de Richard Williams, homem obstinado que traçou um plano para duas de suas filhes, Serena e Venus. Com uma educação rígida e amorosa, ele as levou a serem as prováveis melhores jogadoras de tênis da história. O elenco, com Will Smith à frente, é ótimo, e o roteiro ainda aborda questões raciais, decisão muito acertada, e não deixa de mostrar as formas criativas que Richard tinha para driblar a pobreza. Apesar de excluir passagens polêmicas, como a primeira família que Williams tinha e abandonou, o filme faz bem o que se propõe, focando mais nas pessoas que no esporte.
O Último Duelo (The Last Duel, 2021)
Uma recriação impecável da França medieval nos traz uma história de traição e vingança quando ex-amigos são levados a duelarem pela honra da esposa de um, que alega ter sido estuprada pelo outro. O diretor Ridley Scott, cujo primeiro filme chama-se Os Duelistas (The Duellists, 1977), volta a fazer o que sabe bem, filmando cenas belíssimas de guerra e, com a mesma competência, enfocando os dramas pessoais dos envolvidos. Os amigos Matt Damon e Ben Affleck coescreveram o roteiro (com Nicole Holofcener) e atuam, ao lado dos igualmente competentes Adam Driver e Jodie Comer.
Ghostbusters: Mais Além (Ghostbusters: Afterlife, 2021)
Mistura de nostalgia e homenagem, o novo filme dos Caça-Fantasmas faz o que franquias longevas sempre tentam: emplacar novos personagens para seguirem no lugar dos veteranos. Com a morte do Dr. Egon Spengler (o saudoso Harold Ramis), a filha e os netos vão à fazenda onde ele morava assumir a propriedade e descobrem um pouco da história dele, que largou repentinamente amigos e família e se isolou na área rural de uma cidadezinha. O diretor e roteirista Jason Reitman, filho do diretor dos dois longas originais, conta com o carisma de seu elenco principal, formado por Carrie Coon, Paul Rudd, Mckenna Grace, Finn Wolfhard e Logan Kim, além de não dispensar as participações especiais de Dan Aykroyd, Bill Murray e Ernie Hudson. Sempre reverenciando o cânone, Reitman consegue fazer um filme divertido e inteligente.
Identidade (Passing, 2021)
A atriz Rebecca Hall faz uma excelente estreia como diretora, além de escrever e produzir, adaptando um livro de 1929 sobre duas amigas que se reencontram anos após se casarem e seguirem suas vidas. As duas são negras, mas uma se passa por branca, escondendo suas origens até do marido, que é abertamente racista. Grandes interpretações de Ruth Negga e Tessa Thompson e uma inspirada fotografia em preto e branco são os pontos altos, além da questão racial, que o roteiro aborda de frente. O longa acabou comprado pela Netflix e foi muito bem recebido por público e crítica.
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