A carreira do diretor, produtor e roteirista James Wan tem filmes de gêneros diversos, inclusive de grandes franquias, caso de Velozes e Furiosos 7 (2015) e Aquaman (2018). Mas ele se mostra muito à vontade nos domínios do terror, com muito sucesso nas três funções. Cocriador das franquias Jogos Mortais, Sobrenatural e Invocação do Mal, que parecem nunca se esgotar, ele agora ataca com Maligno (Malignant, 2021), longa que dá o pontapé inicial para mais uma possível franquia. A criatividade e o talento de Wan são inegáveis, independente do que se ache do produto.
Quase sempre bebendo em fontes sobrenaturais, dessa vez ele dá uma chacoalhada na realidade com a história de uma mulher que começa a ter visões de assassinatos. Ficamos em dúvida, junto com ela, sobre o que estaria acontecendo de fato, e a trama vai ficando mais escabrosa. Wan não tem receio de pirar, a sensação é de que ele pensa “se já cheguei até aqui, vamos adiante”.
Como é facilmente confirmável pelas obras citadas, Wan é muito habilidoso para criar universos e, acima de tudo, para elevar a tensão. Sem depender de sustos fáceis, ele está mais preocupado com a atmosfera, com confundir seus personagens e levar o público junto. Dessa forma, vamos formulando teorias, mas nada perto do que se revela no andar da trama. É Wan dizendo: “Não, desista, não é por aí”.
De longe, as regras estabelecidas para Maligno são as mais loucas de Wan, mesmo levando-se em conta as aventuras do casal Warren ou da família Lambert. Está mais para o universo do Sr. Vidro, criação de M. Night Shyamalan. O diretor explora muito bem o ambiente, com ângulos e enquadramentos instigantes, aproveitando cada canto escuro. Ele situa seu espectador, que em momento algum se perde. E os personagens são razoavelmente bem desenvolvidos, acabamos descobrindo algumas coisas a respeito deles. O suficiente ao menos para nos importarmos.
Como nem tudo são flores, temos vários exageros do roteiro, assinado por Akela Cooper (de séries como O Legado de Júpiter), com história de Wan e da também atriz Ingrid Bisu (que aqui vive a técnica forense Winnie). Chega a ter absurdos como a pessoa estar dirigindo para chegar a um prédio a metros de distância e o Sol se por misteriosamente, só para ela chegar no destino no meio da madrugada. O desenrolar da trama envolve bem por ser filmado meticulosamente, mas falha quando se para pra pensar. É um conceito interessante desenvolvido de forma descuidada. Na medida que se aproxima do final, fica mais chutado, para usar o termo mais apropriado. Afinal, por que usar os interruptores de luz se dá pra usar lanternas precárias?
À frente do elenco, temos Annabelle Wallis, que estrelou o longa da boneca do capeta xará dela (Annabelle, 2014). É uma atriz competente, aqui com uma beleza discreta, bem crível como uma esposa maltratada pelo marido, vítima de abusos físicos e mentais. Alguém que pode viver na sua vizinhança. A irmã da protagonista é interpretada por Maddie Hasson (das séries Mr. Mercedes e Impulse), com quem Wallis tem uma boa química. Completam o grupo George Young e Michole Briana White, como os detetives que investigam o caso.
O roteiro os trata bem, ninguém é estúpido, mas algumas situações são bem forçadas, para que se chegue ao resultado buscado. Essa é a sensação que fica ao final da sessão de Maligno: um conceito promissor, um desenvolvimento com suas qualidades e derrapadas e uma conclusão bem louca, do tipo “ame ou odeie”.
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