Warner apresenta Mortal Kombat às novas gerações

Depois de um filme divertido em 1995 e uma sequência terrível em 1997, a franquia Mortal Kombat foi interrompida. A dona do videogame faliu e levou tempo até a situação se resolver e a Warner Bros. decidir levar os personagens novamente ao Cinema. Sem nenhum subtítulo ou complemento, o novo Mortal Kombat (2021) foi lançado trazendo um personagem original como protagonista, uma espécie de guia para conduzir o espectador. Assim, todos descobrimos juntos o que está acontecendo.

O filme de 95 pegou um dos principais personagens do jogo, Liu Kang, e o colocou como o herói, que acaba encontrando outros mocinhos e os vilões. Eles vão para um torneio numa outra dimensão e lutam para salvar a Terra. Nessa nova aventura, Kang (Ludi Lin) já se prepara para as lutas e entra na trama num ponto mais avançado. Cole Young (Lewis Tan) é um lutador de MMA pago para apanhar em lutas arranjadas. A esposa e a filha se cansaram de vê-lo tomar surras homéricas, mas é assim que ele paga as contas.

Quando de repente o tempo esfria, Young descobre que está sendo perseguido por um ninja assustador, Sub-Zero (Joe Taslim – abaixo), por causa de uma marca que ele traz na pele. A partir daí, alguns dos nossos velhos conhecidos são introduzidos, como Sonya Blade (Jessica McNamee), Jax (Mehcad Brooks) e Kano (Josh Lawson). Eles acabam conhecendo Lorde Raiden (Tadanobu Asano), protetor da Terra, e o vilãozão geral, Shang Tsung (Chin Han), que pretende dominar nosso planeta.

As regras para essa treta toda não ficam claras e parecem ser mudadas à medida que o roteiro demanda. O roteirista que foi encarregado do projeto, o estreante Greg Russo (que assina com Dave Callaham, criador dos Mercenários) já assumiu com a tarefa de colocar Young à frente dos demais. A ideia do estúdio é não deixar perdido o público mais jovem, que pode não conhecer bem o jogo. Para os que cresceram na década de 90, não faltam termos mais do que esperados, como “fatality” ou “flawless victory”.

Antes de conhecermos Cole Young, uma introdução traz uma sequência de luta muito elaborada, que já deixa o público no clima para as próximas quase duas horas. Conhecemos a história de Hanzo Hasashi (Hiroyuki Sanada) e sua rixa com Bi-Han, o futuro Sub-Zero. Os dois são, de longe, os personagens mais interessantes do filme, e fazem ótimo uso da mitologia do jogo. Lewis Tan, o intérprete de Cole Young, é competente, mas não consegue disputar a atenção do espectador com as figuras clássicas que vão aparecendo, caracterizações criativas como as de Reptile, Goro, Nitara, Reiko, Kabal…

Algumas cenas de violência podem chocar os incautos, mas é exatamente o que se espera de um filme chamado Mortal Kombat. O diretor e produtor Simon McQuoid, em seu primeiro longa, cria sequências interessantes e aproveita ao máximo o roteiro fraco que tem nas mãos. Para começo de conversa, é inexplicável que a turma de Shang Tsung queira a qualquer custo impedir a realização do torneio, sendo que venceram as últimas nove edições. E a Terra demorou um bocado para tomar uma atitude, não? E, seguindo a lógica, a única certeza que temos ao ver o filme é de que teremos de fato um Mortal Kombat.

Personagens clássicos não faltam!

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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