por Marcelo Seabra
Na linha dos melhores exemplares da ficção-científica, O Poço aponta para alguns problemas da nossa sociedade e propõe uma reflexão. Mas logo se bandeia para o suspense, deixando seu público aflito pelo futuro daquele sujeito que acabamos de conhecer e com quem já nos preocupamos. Goreng (Ivan Massagué, de Os Últimos Dias, 2013) acorda em um andar de algo que parece ser um enorme fosso de elevador, mais amplo e com vários lances acima e abaixo. No meio, um buraco por onde a comida desce. E, do outro lado, o “colega de cela” (Zorion Eguileor, de O Tempo Entre Costuras), um sujeito mais velho que, mesmo irritante, consegue estabelecer um bom convívio com Goreng.
A grande sacada é que a superfície que desce com a comida segue um caminho reto, sem voltas. Só há reabastecimento na próxima volta, e o mesmo rumo é percorrido. Há comida para todos (teoricamente), mas a questão é: as primeiras pessoas lá dentro comerão apenas o suficiente? Elas pensarão no próximo? Conceitos como solidariedade, ética, empatia e responsabilidade social se misturam aqui. Seria o Poço um experimento sociológico? Ou apenas um reflexo da nossa sociedade capitalista? Ou um retrato do que é a relação divino x humano?
O diretor Galder Gaztelu-Urrutia, que faz sua estreia em longas, deu entrevistas contando detalhes da trama, como de onde surgiu a ideia ou para onde ela se desenvolveria. Até um outro final foi filmado, um mais definitivo. Mas só importa o que está na tela e o que conseguimos tirar dali. Se os roteiristas (David Desola e Pedro Rivero) quisessem dar uma explicação, teriam o feito. Para uns, o confinamento no Poço é um castigo. Para outros, parece ser uma opção. Na prática, é a mesma coisa. Todos passam pelas mesmas provações.
No primeiro andar do Centro Vertical de Autogerenciamento, nome pomposo do complexo, estão a administração e a cozinha. Seriam o equivalente a Deus? O chef, responsável pela produção da comida, é extremamente criterioso, zelando por “seus filhos”. Mas é, no mínimo, ingênuo, já que a comida é bagunçada pelos primeiros que a tocam. Seria uma crítica ao Senhor? Ao sistema econômico, que privilegia o 1% de cima em detrimento dos demais? O roteiro não se preocupa em entregar uma resposta pronta. Se o que você procura é uma distração leve, não é aqui que deve procurar.
Diretor lembrado por dramas independentes, Steven Soderbergh se aventura numa história de fantasmas. Continue lendo…
O assunto do momento nas rodas de conversas é a nova série da Netflix inglesa:…
O cantor Robbie Williams narra sua história, sendo interpretado por Jonno Davies e um macaco…
Em um curto intervalo, Michael Keaton curiosamente estrelou dois longas sobre pais ausentes: Pacto de…
Muita gente que viu a série Ripley não conhecia bem o personagem e O Pipoqueiro…
Como acontece todos os anos, há mais de uma década, O Pipoqueiro traz os indicados…
View Comments
Filme ridículo, sem sentido.. Um dos piores filmes que eu já vi.. Não aconselho, não te agrega em nada.. Sem comentários, Horrível, uma história imbecil e mal elaborada..
Filme que leva reflexão da existência....realmente um pouco chocante, distração não é sua praia..
Não entendi o comentário, mas obrigado pela visita!