por Marcelo Seabra
Segurando firme entre os filmes mais vistos no Brasil, Nasce Uma Estrela (A Star Is Born, 2018) ocupa a terceira posição no ranking e já entra em sua terceira semana de exibição. A nova versão da história originalmente lançada em 1937 marca as estreias de Bradley Cooper na direção e de Lady Gaga como atriz em um longa-metragem. A bem-sucedida empreitada ainda originou uma ótima trilha sonora, para ser ouvida em qualquer ocasião.
Oscarizada em 1938, com o prêmio sendo dividido pelos roteiristas William A. Wellman e Robert Carson, desta vez a história nos apresenta a um músico bem estabelecido que luta secretamente contra o vício em álcool e drogas no momento em que ele descobre uma aspirante a cantora e a ajuda a despontar. Esta é a quarta versão americana (além de uma de Bollywood) a chegar às telas, cada uma com pequenas alterações e adaptações para se encaixar melhor em sua época.
Lembrado como o cabeça do “bando de lobos” da trilogia Se Beber Não Case (The Hangover), Cooper deixou um pouco de lado as comédias para desenvolver o projeto que herdou do amigo Clint Eastwood. Com vários atores passando pelos papéis principais, como Will Smith, Leonardo DiCaprio, Christian Bale e Tom Cruise no masculino e Beyoncé no feminino, Cooper abraçou a oportunidade e, desde que viu Lady Gaga cantando num evento particular, entendeu que ela era sua protagonista.
Num festival de música no deserto californiano, Cooper conheceu Lukas Nelson (abaixo), filho da lenda da música Willie Nelson e líder da Promise of the Real, banda que tem servido de apoio para Neil Young. Nelson ajudou a treinar Cooper como um roqueiro experiente, além de produzir a trilha, aparecer no palco e compor várias das faixas, ao lado de Cooper e Gaga. A trilha, é bom reforçar, chama bastante a atenção. A carreira de Jackson Maine (Cooper) tem uns rocks bem interessantes, que flertam com o country, e Ally (Gaga) adiciona uma pegada mais pop.
Além de Cooper ser bem convincente no papel, esforçando-se inclusive para sua voz criar uma ponte para a de Sam Elliott (de Sem Proteção, 2012), seu irmão na ficção, é Lady Gaga a grande surpresa. A cantora, habituada a interpretar em seus clipes e shows, encarou de frente a tarefa e não deixa a desejar ao lado de colegas veteranos, como o ótimo Elliott, Andrew Dice Clay e Dave Chappelle. Na hora de cantar, então, ela se sente em casa, e a satisfação da dupla no palco é palpável. A química entre eles, imprescindível para o sucesso do filme, funciona perfeitamente.
Como diretor, Cooper não demonstra estar em seu primeiro trabalho. Com muita segurança, ele faz boas escolhas, da fotografia de Matthew Libatique (de Venom, 2018) à montagem de Jay Cassidy (de Joy e O Lado Bom da Vida, ambos com Cooper). Ele dá ao resultado uma fluidez de fazer inveja a muito cineasta calejado. Não será surpresa se alguns prêmios vierem pela frente. Um Oscar de Melhor Canção para Shallow é praticamente certo.
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