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Dwayne Johnson luta contra a gravidade num Arranha-Céu

por Marcelo Seabra

Como a criatividade em Hollywood parece não ter para onde ir, o vilão agora é ninguém menos que a gravidade. Ela, ao menos, é um antagonista melhor que o estrangeiro de plantão de Arranha-Céu: Coragem Sem Limites (Skyscraper, 2018), longa que mais uma vez traz Dwayne Johnson fazendo peripécias que Sir Isaac Newton não aprovaria. Antes, ele teria que revogar suas leis. Qualquer bom senso deve ser deixado do lado de fora da sala para melhor apreciação.

Johnson novamente é um pai que vê sua família em perigo. Questões ligadas a laços de sangue ou amizade sempre estão presentes nos trabalhos dele. Temos uma traminha besta sendo desenrolada sem levantar nenhum interesse, que fica todo por conta de ver o astro pulando de alturas impensáveis, entre pontos distantes que nem o Batman atingiria. Mais ou menos como em Rampage (2018), Baywatch (2017) e toda a franquia Velozes e Furiosos. Um Espião e Meio (Central Intelligence, 2016), também comandado por Rawson Marshall Thurber, não fica muito longe dessa fórmula.

Interessante mencionar o diretor. Thurber tem várias comédias em seu currículo, sendo seu primeiro filme Com a Bola Toda (Dodgeball, 2004). Mesmo no caso de se enveredar pela ação, ainda mantém o aspecto cômico, como garante a presença de Kevin Hart em Um Espião e Meio. Nesse Arranha-Céu, o humor passou longe. Por um lado, é bom, já que não tem horas de piadinhas enquanto os personagens lutam contra a morte, o que irrita em muitas produções por aí. Por outro, faz parecer que todos os envolvidos estão levando o filme muito a sério, e uma quebra não faria mal. Afinal, temos uma série de absurdos enfileirados, rir de si mesmo não faria mal.

O roteiro, também de Thurber, coloca Johnson como um técnico de segurança que é traído e vira suspeito de tocar fogo no maior prédio do mundo. O problema é que o fogo está se alastrando e a família do sujeito está lá dentro. E ele, não. É aí que começa o festival de barbaridades, com escaladas, pulos e tudo o mais que causar nervoso. Como a ação se passa toda no alto, esses momentos tensos até acontecem, mesmo que a gente saiba como será o desfecho. O papel da esposa, nas mãos da sumida Neve Campbell (da franquia Pânico), é mais forte que o usual, o que traz uma boa surpresa. E o recurso do 3D dá um pouco de profundidade. Mas nada que salve a obra da mediocridade.

Neve Campbell foi reaparecer logo nessa bomba!

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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