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Roubo e furacão tentam salvar longa do desastre

por Marcelo Seabra

Não será a primeira vez, tampouco a última, que vemos um longa de ação se aproveitar de um evento climático. No ano passado, por exemplo, tivemos Tempestade (Geostorm, 2017). Agora, conferimos uma bomba de igual tamanho chamada No Olho do Furacão (The Hurricane Heist, 2018), que coloca um bando de mercenários tentando um assalto milionário durante a passagem de um furacão de categoria 5, o pior. E o nosso herói é ninguém menos que um meteorologista, que vai se unir a uma agente idealista para impedir a jogada.

Responsável por pérolas como Velozes e Furiosos (2001), Triplo X (2002) e o mais recente O Garoto da Casa ao Lado (2015), o diretor Rob Cohen estava há três anos sem lançar nada e já havia esperança de que ele tivesse mudado de profissão. No entanto, caiu em seu colo um roteiro tão ruim que ele não conseguiu resistir. Reuniu um elenco de notáveis “quem” e torrou 35 milhões de dólares. A arrecadação, até o momento, não chegou nem na metade.

Assumindo o cargo de protagonista, para variar, Toby Kebbell (de Kong, 2017) vive um meteorologista que vai tentar convencer o irmão a deixar a casa e se abrigar adequadamente por causa da passagem de um furacão. O tal sujeito (Ryan Kwanten, de True Blood) dá suporte de informática a uma instalação militar que, justo no dia, deve dar cabo de 600 milhões de dólares em notas. Nesse dia, surpresa: criminosos pretendem roubar a fortuna e apagar suas pistas no furacão. Mas não contavam com a intrépida agente do tesouro vivida por Maggie Grace (a filha sequestrada da trilogia Busca Implacável).

Como o personagem principal é especialista em furacões, o roteiro quer fazer o espectador acreditar que ele é capaz de se aproveitar disso para vencer a batalha. Mas a verdade é que o texto é preguiçoso e cheio de conveniências. O tempo corre da forma que o filme precisa, para que tudo possa se encaixar. Não há nada de memorável em No Olho do Furacão. A tensão que poderia surgir passa longe, tamanha é a previsibilidade da obra. Talvez a única coisa legal seja o carro de Kebbell, uma espécie de Batmóvel do clima com mais carisma que todos eles juntos.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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