por Rodrigo “Piolho” Monteiro
O primeiro longa-metragem do Deadpool (de 2016) foi marcado por uma série de ineditismos dentro das produções de filmes de super-heróis. Até então apenas um personagem secundário do universo dos X-Men, ele inexplicavelmente foi catapultado ao primeiro time, em termos de popularidade, nos EUA. A começar por sua classificação etária ser 16 anos, o que excluía a maioria do público do gênero, que se constitui de crianças e adolescentes, basicamente.
Além disso, Deadpool apresentava tudo aquilo que a maioria dos jovens de hoje adora: violência exagerada, ação vertiginosa, piadas de duplo sentido, nudez e zoeira sem limites, tudo isso dentro de uma história interessante, apesar de não ter nada demais. Ah, e ele também apresenta dois dos principais fatores que caracterizam o personagem e deixaram seus fãs bastante satisfeitos: Deadpool não para de falar um minuto sequer e quebra a quarta parede sempre que possível, conversando com a audiência e não deixando ninguém ter dúvida de que ele sabe ser um personagem em um filme.
Dois anos depois, Deadpool retorna em seu novo esforço cinematográfico. Intitulado simplesmente Deadpool 2 (2018), o longa traz exatamente os mesmos elementos do primeiro, repetindo uma fórmula que, apesar de dar certo, não reserva novidades e, como o próprio personagem diz mais de uma vez, mostra uma certa dose de “escrita preguiçosa” por parte do time de roteiristas – que, além da dupla Rhett Reese e Paul Wernick, ambos também responsáveis pelo primeiro filme, teve a colaboração do próprio protagonista, Ryan Reynolds. O trio, agora acompanhado pelo diretor David Leitch (de Atômica, 2017), não faz muitos esforços para se distanciar do anterior. Até o recurso de iniciar o filme com uma cena que necessita de contextualização e fazer uma viagem no tempo para mostrar como as coisas chegaram àquele ponto foi usado aqui.
O que mais diferencia Deadpool 2 de seu antecessor é que aqui há uma ligeira mudança de tom. Se o primeiro filme era, basicamente, uma história de amor e vingança, este é, nos termos bizarros e distorcidos do Mercenário Tagarela, uma jornada de redenção e, nas palavras dele, “um filme família”. Novamente, entenda isso dentro do senso de humor doentio do personagem.
Se no primeiro filme Deadpool quer apenas se vingar do homem que destruiu sua aparência física enquanto lhe dava superpoderes e, ao mesmo tempo se reunir com sua amada Vanessa (Morena Baccarin), nesse novo filme as coisas são bem diferentes. O tema do amor de Wade por Vanessa também tem um grande peso na trama do novo filme, mas essa é uma história de redenção, onde Wade Wilson tem que procurar o herói que supostamente existe dentro dele e que ele insiste em dizer que não está lá. Essa jornada, claro, será cheia de obstáculos, especialmente a partir do momento em que o viajante do tempo Cable (Josh Brolin, o Thanos dos Vingadores) chega em cena.
Deadpool 2 é tão divertido e insano quanto o primeiro, com uma melhora significativa nas cenas de ação e nas coreografias de lutas. E a censura também mudou: pulou de 16 para 18 anos. O humor do filme reflete bem a forma como o personagem se expressa nos quadrinhos e sobra pra todo mundo. Deadpool faz troça com a DC, filmes anteriores da carreira de Brolin, Vingadores: Guerra Infinita, os X-Men, Logan e, claro, com Ryan Reynolds, principal alvo das piadas do Mercenário Tagarela.
Além de Reynolds e Baccarin, praticamente todo o elenco principal do primeiro filme volta para o segundo. Temos o taxista Dopinder (Karan Soni), o Fuinha de T. J. Miller, a Cega Al de Leslie Uggams, o Colossus todo em CGI dublado por Stefan Kapicic e a Míssil Adolescente Negasônico de Brianna Hildebrand. Dentre os novatos, além de Brolin, o destaque vai para Dominó (Zazie Beetz), personagem cujos poderes foram um desafio transportado para a telona de maneira bastante competente, e para Russel (Julian Dennison), que tem um papel central na trama. Vale mencionar também a trilha sonora, que traz de Dolly Parton ao dubstep, passando por AC/DC e uma versão bem melosa de Take on Me, do A-ha.
Deadpool 2 vai agradar especialmente àqueles mais ligados aos quadrinhos, mas também ao público fã de cinema em geral – ainda que os não iniciados possam perder uma ou outra piada pelo meio do caminho. A exemplo de todos os filmes de heróis da atualidade, há uma cena no meio dos créditos do filme que é hilária e vale a espera. Na cabine para a imprensa, não foram exibidas cenas pós-créditos. No entanto, em 2016 havia uma que não foi exibida para os jornalistas. Eu ficaria sentado até as luzes se acenderem e a tela, apagada.
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