Terceiro Maze Runner acaba com o nosso sofrimento

por Marcelo Seabra

Concluindo a trilogia iniciada em 2014, Maze Runner: A Cura Mortal (Maze Runner: The Death Cure, 2018) chega aos cinemas com o desafio de levantar a franquia, que teve um segundo episódio bem fraco. O resultado, no entanto, não fica muito longe, e dá um certo alívio saber que o fim é aqui. E a ideia de alguém correndo por um labirinto, como o título indica, só funciona no primeiro, deixando claro que não serve para o todo.

Sempre com o mesmo diretor (Wes Ball) e o mesmo roteirista (T.S. Nowlin), era de se esperar que a série mantivesse um padrão. Mas apenas o primeiro filme consegue despertar interesse, com a apresentação do conceito. A partir daí, tudo cai na mesmice de obras apocalípticas rasas, com alegorias canhestras e uma cansativa busca por uma cura.

A empresa que faz as vezes de governo e controla tudo e todos é chamada pela sigla CRUEL (ou WCKD), mas insiste-se no mistério quanto a suas reais intenções. Seus principais representantes são vividos por Patricia Clarkson (a médica – acima) e Aidan Gillen (o chefe de segurança), dois atores competentes que passam vergonha com diálogos ridículos e ações sem nexo. E o diretor faz questão de mantê-los em atitudes dúbias, o que irrita.

Conveniência é a palavra que melhor define o roteiro. As coisas acontecem quando precisam acontecer, com personagens aparecendo do nada. É possível adiantar passagens inteiras, já que o público conhece os elementos disponíveis. Mas, em nome de um suspense fajuto, fica tudo no aguardo de um momento apropriado para revelações. Thomas (Dylan O’Brien) novamente lidera os fugitivos e a missão é salvar Minho (Ki Hong Lee). Podemos esperar, e é algo que logo é escancarado, que Teresa (Kaya Scodelario) vai aparecer no meio do caminho, gerando mais um conflito besta.

Muito mais longo do que precisaria, com 142 minutos, este A Cura Mortal cansa logo de cara e a sessão vai se tornando uma tortura. A melhor das cadeiras de cinema vai ficar desconfortável. Ainda mais com tantos tiros à queima roupa sendo disparados e errados. Os efeitos especiais são corretos, mas a serviço de uma trama insossa. Não tem como torcer pela vitória do grupo, ninguém se importa. A não ser que essa vitória vá encurtar a aventura e liberar logo o público refém.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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