por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Star Wars: Os Últimos Jedi (The Last Jedi, 2017) começa exatamente onde seu antecessor, O Despertar da Força, termina: de um lado temos Rey (Daisy Ridley) em um planeta no canto mais distante e inóspito da galáxia, tentando convencer Luke Skywalker (Mark Hamill) a retomar seu papel como grande mestre Jedi e ajudar na luta da rebelião contra a Primeira Ordem; de outro, temos os membros da Resistência, liderados por Leia Organa (a falecida Carrie Fisher) e Poe Dameron (Oscar Isaac), numa corrida contra o tempo para abandonar a base rebelde comprometida no longa anterior.
Essa fuga, no entanto, se torna praticamente impossível à medida em que a Primeira Ordem, comandada pelo sombrio Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), auxiliado pelo general Hux (Domhnall Gleeson) e por Kylo Ren (Adam Driver), tem planos para, justamente, impedir que os últimos membros da Rebelião escapem. O objetivo do trio é simples: destruir a rebelião e acabar com a guerra. É claro que seus planos não darão certo e dizer mais do que isso estragaria as surpresas e a carga de emoção que o longa traz.
Escrito e dirigido por Rian Johnson (de Looper: Assassinos do Futuro, 2012), Os Últimos Jedi é um filme de Star Wars com todas as qualidades e defeitos que são a característica da saga. Johnson demonstra ter um conhecimento profundo do material que tem em mãos e, mesmo se apoiando bastante na nostalgia que Star Wars desperta, especialmente nos fãs antigos (mesmo recurso utilizado por J. J. Abrams em O Despertar da Força), ele não faz dela seu principal recurso. O que Johnson entrega é um filme épico e divertido na dose certa.
É difícil escrever um texto desses sem revelar as surpresas – os tais spoilers. Mas podemos dizer que Johnson soube trabalhar bem os personagens que tinha em mãos. Se em O Despertar da Força a história girava principalmente em torno de Rey e Finn (John Boyega), aqui o destaque é mais ela do que ele. Claro, Finn tem uma grande participação na história e em uma das tramas paralelas que lembram muito alguns dos aspectos menos atraentes da primeira trilogia. É uma trama divertida, mas, no geral, não é tão essencial para o filme como um todo.
Já o arco de Rey continua a desenvolver aspectos da personagem apresentados em O Despertar da Força, especialmente no que diz respeito a sua relação com seu passado e, especialmente, sua estranha conexão com Kylo Ren. Kylo, inclusive, passou por uma transformação que o torna mais próximo do vilão que a nova trilogia merece. Ele ainda não é – e nem deve ser – o Darth Vader do século XXI, mas tem tudo para entrar para a lista de vilões memoráveis da franquia. Se não é um vilão completo, está sendo bem desenvolvido para tal.
Dentre os novatos, Poe Dameron também tem um arco interessante, se estabelecendo como o típico personagem encrenqueiro e rebelde, necessário nesse tipo de franquia. Poe pode ser considerado o herdeiro de Han Solo. Sem todo o charme e a fanfarronice de seu predecessor, claro.
Os grandes destaques de Os Últimos Jedi, no entanto, são os veteranos. Luke Skywalker tem o arco mais bem desenvolvido do longa e Mark Hammil entrega uma excelente performance, equilibrando muito bem as diversas facetas de seu personagem. Luke se mostra mais sarcástico do que sua versão mais jovem, e isso vai incomodar os fãs mais radicais. Mas quem é que não desenvolve essa característica na medida em que envelhece? Já o papel de Leia é mais emocional do que essencial, mas os mais atentos perceberão que há uma mudança na importância da personagem no cenário geral das coisas. Leia ganha um peso muito maior na saga, especialmente quando relacionamos seu papel aqui com aquele desempenhado por ela nos momentos finais de Rogue One.
Desnecessário dizer que fotografia – ainda que o filme pareça muito escuro em alguns momentos –, trilha sonora, maquiagem, efeitos visuais/especiais e demais aspectos técnicos trazem o selo de qualidade da ILM e o CGI, como um todo, é bastante satisfatório no 2D (o Pipoqueiro não assistiu ao filme em 3D ou IMAX).
Levando tudo em consideração, podemos dizer que Rian Johnson e companhia acertaram na mosca no segundo episódio da nova trilogia de Star Wars. É um filme épico, repleto de ação, tragédia, situações desesperadoras e, no fim das contas, bastante divertido. Claro, tem alguns defeitos, como piadas mal colocadas e situações forçadas, mas esses são aspectos menores. No âmbito geral, Star Wars: os Últimos Jedi tem tudo para se tornar um marco na história da franquia e mexerá com os sentimentos de seus fãs, especialmente aqueles que sentem os olhos marejarem já ao ver o logo da franquia acompanhado da trilha sonora de John Williams nos primeiros segundos do longa.
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Star Wars acabou. Foi pra Disney já era. A protagonista é sem sal, sem graça. O vilão então nem se fala. Credo. J