por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Depois de ver o surgimento de uma raça de símios inteligentes em Planeta dos Macacos: A Origem (2011) e que o vírus da gripe símia criado então se disseminou e quase exterminou a raça humana em Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), o terceiro capítulo da série dá continuidade a esses eventos. Agora, o confronto entre símios e humanos alcança o status de guerra generalizada.
Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes, 2017) começa algum tempo depois do que houve em O Confronto. Como essa é uma sequência direta, parece que se passaram apenas poucos dias desde que Cesar (Andy Serkis, de Vingadores: A Era de Ultron, 2015) e seus macacos se refugiaram nas florestas ao redor de São Francisco buscando uma vida pacífica, longe dos humanos. No entanto, na medida em que os fatos são esclarecidos, podemos ver que se passaram diversos meses. Nesse meio tempo, o coronel mencionado em O Confronto, aqui vivido por Woody Harrelson (de True Detective, 2014), empreendeu uma caçada desenfreada contra os símios que, em sua visão, são os responsáveis pela dizimação da humanidade.
Após o primeiro confronto entre humanos e macacos, César decide abandonar sua decisão de apenas se defender dos ataques dos humanos para empreender uma vingança pessoal contra o Coronel. Para isso, ele contará com o apoio de Maurice (Karin Konoval, de séries como Lucifer e Bates Motel), Rocket (Terry Notary, de Kong: A Ilha da Caveira, 2016), o chimpanzé conhecido apenas como Macaco Mau (Steve Zahn, de Os Seis Ridículos, 2015) e a criança humana Nova (Amiah Miller). Contra eles, está o Coronel e uma divisão inteira do exército americano.
Planeta dos Macacos: A Guerra é um filme tecnicamente muito bem feito. A captura de movimentos, que a cada dia melhora, torna a movimentação dos macacos bastante realista e o CGI, no geral, é impecável. Com relação à trama, ela é bastante sombria e, em muitos momentos, soa maniqueísta, colocando os macacos como os injustiçados e os humanos, especialmente o Coronel, como seres movidos apenas pelo sentimento de “é matar ou morrer”.
Ao longo do filme são adicionados alguns tons de cinza, especialmente no que diz respeito às razões do Coronel tomar as atitudes que toma, mas isso não torna seu personagem menos unidimensional. Imagine o Coronel como um oficial nazista responsável por um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial e terá uma ideia do que esperar do personagem no longa. Nem mesmo as razões que o Coronel revela motivarem suas atitudes conseguem dar mais profundidade a um personagem que tem a manha de usar óculos escuros de noite e na chuva.
Uma diferença marcante de A Guerra e o Confronto é que aqui o diretor Matt Reeves (mesmo do próximo filme solo do Batman) e seu parceiro no roteiro Mark Bomback (também de O Confronto) acharam por bem inserir um alívio cômico na personagem do Macaco Mau, um chimpanzé diferente daqueles presentes na tribo de César e com os quais nos acostumamos. Infelizmente, talvez devido ao clima geral do longa, essa inclusão parece forçada e fora de lugar. Macaco Mau faz muito pouco como alívio cômico e, apesar de ter sua importância na trama, qualquer personagem com outro tipo de personalidade poderia fazer sua função. Até porque, como dito acima, tudo no longa, com raras exceções, é sombrio e sem esperança tanto para humanos como para, especialmente, os símios e não há lugar para piadas aqui.
Com momentos que remetem ao pior do que a humanidade pode produzir – com diversas referências à Segunda Guerra, inclusive na forma como alguns personagens se comportam – e alguns easter eggs que trarão alegria aos fãs da série clássica dos anos 1960, Planeta dos Macacos: A Guerra traz muito mais ação do que os anteriores e mantém a qualidade. A falta de sutileza nas referências, como é feito constantemente com Apocalypse Now (1979), pode incomodar os mais atentos. Não é um filme muito profundo nem tampouco deve se tornar um marco do cinema, mas é bem divertido.
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