por Marcelo Seabra
O desespero. De andar na rua com soldados inimigos à espreita. De pegar um barco sem saber se ele chega ao outro lado. De pilotar um avião com todas as chances apontando para uma morte violenta. Christopher Nolan mais uma vez surpreende o público. Muda para um gênero até então inexplorado por ele, sem magia ou fantasia, e assina uma pérola chamada Dunkirk (2017). Por favor, deem um Oscar a este senhor.
Se até hoje o título de filme com a batalha mais real era de O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998), essa época passou. E há uma enorme diferença: no longa de Spielberg, a tal batalha ocupava uma sequência; no de Nolan, é o tempo todo. Sob pontos de vistas diferentes, os acontecimentos são mostrados várias vezes, uma complementando a outra e situando ainda mais o espectador e aumentando a tensão.
Algo que chama a atenção logo de cara é o desenho de som, feito com um cuidado impecável. Ele predomina em boa parte da exibição, casado com uma ótima trilha sonora (de ninguém menos que Hans Zimmer) que sabe se impor assim como praticamente some em alguns momentos. Dessa forma, não precisamos de tantos diálogos, e esse é outro presente do diretor e roteirista. O silêncio preenche bem os espaços deixados, nos levando a acompanhar aqueles jovens que se encontram num conflito do qual não há muitas chances de sair.
Dunquerque (ou Dunkerque) é uma cidade na costa norte da França situada a 10 km da Bélgica e separada da Inglaterra por uns 100 km de mar. Em 1940, ela foi palco de um episódio não muito famoso da Segunda Guerra Mundial. Não convém explicar demais, ou citar o apelido dado por Churchill a esse ocorrido. Basta dizer que franceses e ingleses estavam acuados por alemães e foi dramático. E aterrorizante. E a forma como Nolan orquestra tudo é magnífica, arrancando o melhor de todos os seus colaboradores.
Tido por seus detratores como um realizador frio, dentre outros defeitos, Nolan mostra que sabe ouvir críticas e faz seu trabalho mais emocional. Isso, em menos de 110 minutos. Mesmo que não os conheçamos a fundo, seus personagens logo caem nas graças de todos e nos vemos torcendo por eles. Mesmo porque eles representam qualquer jovem que tenha ido à guerra, tendo voltado ou não. Os atores escolhidos, muitos estreando na tela grande, até se parecem, o que aumenta essa sensação de que eles simbolizam muitos outros. Em um desses papéis, o cantor Harry Styles prova ser bem versátil.
Entre os rostos conhecidos do elenco, o destaque não poderia ir a outro que não o excepcional Mark Rylance (Oscar como coadjuvante em Ponte dos Espiões, 2015 – acima). Ele aproveita bem cada segundo em cena com expressões que nos levam a entender aquele senhor sem esforço algum. Dois vilões de Batman, velhos conhecidos de Nolan, estão muito bem: Tom Hardy (o Bane) e Cillian Murphy (o Espantalho). Há também os oficiais vividos por Kenneth Branagh (de Operação Sombra: Jack Ryan, 2014) e James D’Arcy (de O Destino de Júpiter, 2015), além da voz inconfundível e não creditada de Michael Caine (o Alfred).
Poucas vezes, os horrores da guerra ficaram tão claros e foram tão bem retratados como em Dunkirk. Com um tema sério, e tão caro aos membros mais tradicionais da Academia, não seria difícil que Nolan ganhasse seu primeiro Oscar como Melhor Diretor. E seria muito merecido – é só olhar a carreira dele. A tecnologia IMAX, aliada à bela fotografia de Hoyte Van Hoytema (de Interestelar, 2014), pode causar uma impressão forte e acobertar falta de conteúdo. Felizmente, não é o caso, e ela só acrescenta.
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A história do filme é boa, amei o cameo de Michael Caine. Muitos poucos filmes juntam a tantos talentos como o filme Despedida em Grande estilo fez. Parece fantástico que em um filme se pode ver uma história divertida com grande elenco compartindo seus diferentes estilos de atuação ancho que este é umo dos filmes de Michael Caine mais divertidos, sempre tem excelente história. Pessoalmente eu irei ver por causo do tudo o elenco e uma boa história