por Marcelo Seabra
O gênero é pouco explorado pelo nosso Cinema e foi o escolhido pelo diretor e roteirista Érico Rassi para marcar sua estreia em longas. E, infelizmente, a obra será lembrada por outra razão: é a despedida de Nelson Xavier, grande ator que travava uma luta contra um câncer. Muito querido por sua atuação como outro Xavier, o Chico (como em As Mães de Chico Xavier, 2011), entre vários outros papéis, Nelson traz as características necessárias para Amador: embora pacato, é capaz de uma explosão.
Em Anápolis, interior de Goiás (e terra de Rassi), Amador é um matador aposentado que vive de entregar máquinas de jogos eletrônicos em bares. Seu empregador, Tio (Gê Martu – abaixo), é o gângster poderoso da região e controla o crime, que já teve índices altíssimos. Amador, que já vive de nostalgia, recebe a visita do neto de seu amigo Davi e o jovem acaba fazendo-o voltar ainda mais aos velhos tempos. Ele quer aprender o ofício com o veterano.
Enquanto roda com seu aprendiz, Amador percebe que ninguém o respeita mais. A memória de seus feitos sangrentos não causa mais espanto nos habitantes. A chacina que causou mal é citada na mídia e o restaurante que foi o palco já é bem frequentado novamente. A relação com o novato faz com que o veterano ensaie um “comeback”, uma volta, na gíria local. Isso significaria novas mortes e, quem sabe, mais glória para ele.
Num clima de fábula sombria, o diretor e roteirista trata de questões importantes, como solidão, velhice e reconhecimento, mas de uma forma bem inusitada. É preciso ressaltar: o protagonista é um assassino de aluguel aposentado, responsável por diversos assassinatos devidamente documentados num álbum de recortes. Como se não bastasse o clima insólito do filme, há diálogos que conseguem ser tensos e engraçados ao mesmo tempo, mostrando o que à primeira vista pode ser falta de compreensão, mas se mostra prática na arte de levar vantagem.
As músicas ouvidas em Comeback são interessantes por casarem bem com o cenário. A trilha sonora original, também muito adequada, é dos irmãos Gustavo e Guilherme Garbato (de O Silêncio do Céu, 2016), sócios na Casa da Sogra Soluções Sonoras. A fotografia, de André Carvalheira (de O Último Drive-in, 2015), aproveita bem as ruas da periferia da cidade e mostra a vida daquelas pessoas com realidade. Se elas de fato falam o termo “comeback”, ou se ele foi usado no título apenas para homenagear um gênero cinematográfico genuinamente norte-americano, não sabemos. Mas, se o filme peca, é por ser mais curto do que gostaríamos.
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......Mas, se o filme peca, é por ser mais curto do que gostaríamos.
Ótimo comentário. Também acho. Fiquei um pouco triste quando vi que havia terminado. E que musica para terminar: Vuelvo a ti interpretada por Manolo Otero tem tudo a ver.
Gostaria de ter a relação das outras musicas..
Orlando, não conheço a maioria das músicas, só acho que elas casaram bem com o filme. Obrigado pela visita!