por Marcelo Seabra
Pela terceira vez, o diretor Peter Berg se uniu a Mark Wahlberg para contarem no Cinema algo ocorrido do lado de cá da tela. O Dia do Atentado (Patriots Day, 2016) recria as circunstâncias em torno do ataque terrorista na maratona de Boston de 2013. Com a dose certa de tensão e algumas derrapadas no ufanismo, o longa situa e informa bem o espectador, enfileirando os fatos com um elenco afinado. Apesar da baixa arrecadação nas bilheterias norte-americanas, não têm faltado boas críticas.
Assim como em O Grande Heroi (Lone Survivor, 2013) e em Horizonte Profundo (Deepwater Horizon, 2016), Wahlberg é o protagonista, o homem comum colocado em uma situação extrema que exige atos heroicos. Dessa vez, ele é um sargento encarregado de completar o patrulhamento da tradicional maratona de Boston, evento que todos os anos reúne profissionais e amadores para uma grande volta pela cidade. Tommy Saunders fez alguma coisa errada, como agredir uma autoridade, e está de castigo, passando raiva em situações como esta.
Para choque de todos os presentes, uma bomba explode perto da linha de chegada e fere uma pancada de pessoas, entre atletas e espectadores. Pouco depois, outra bomba é acionada. Entre o medo de outra explosão e a tristeza pelos atingidos, a polícia precisa agir rápido para identificar e prender os responsáveis, e o FBI logo se junta à caçada. O mais interessante é o fato do filme apresentar vários personagens e, gradualmente, indicar qual será o papel deles nesse quadro geral.
Como de costume, Wahlberg atua com uma postura firme, mas não sem demonstrar sentimento frente aos fatos, sendo o sujeito que a situação demanda. Michelle Monaghan (de Deixa Rolar, 2014) não tem muito o que fazer como a esposa de Tommy, assim como Melissa Benoist (a Supergirl), deixando claro que este é um filme de meninos. E o elenco masculino é estrelado, com John Goodman, Kevin Bacon, J.K. Simmons e Jimmy O. Yang. Alguns dos envolvidos na tragédia, retratados no filme, fazem pontas. Ao final, podemos conhecê-los melhor.
Como o ataque ocorreu em 2013, muitos vão se lembrar das circunstâncias, e o filme vai juntando as peças, além de mostrar o que não foi muito noticiado. Ao contrário de um United 93 (2006), que exigiu do diretor e roteirista Paul Greengrass criatividade para preencher os momentos desconhecidos, O Dia do Atentado é todo calcado nos que realmente ocorreu, deixando pouco espaço para suposições. É interessante entender melhor tanto o que se passa na cabeça dos terroristas fanáticos, exceções dentro de um povo numeroso, quanto a pressão que cai sobre os agentes que investigam, que vem de políticos, da mídia e da sociedade.
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