por Marcelo Seabra
Depois da estreia de duas ficções científicas que ocuparam os extremos quanto à qualidade, chegou a vez de um longa ficar no meio do caminho. Nem tão bom quanto A Chegada (Arrival, 2016), nem ruim como Passageiros (Passengers, 2016), Vida (Life, 2017) tem seus pontos positivos, mas não consegue empolgar como parece tentar. O elenco é bem encaixado e a direção é segura. O roteiro até dá seus pulos, só não chega muito longe.
Repetindo a parceria de Protegendo o Inimigo (Safe House, 2012), o diretor Daniel Espinosa convocou Ryan Reynolds para o elenco. E os roteiristas são ninguém menos que a dupla responsável por Deadpool (2016), sucesso estrelado por Reynolds. Dessa vez, Rhett Reese e Paul Wernick buscaram um tom mais formal, menos descolado. Foram muito felizes ao criar seis personagens com importâncias distintas para o sucesso da missão e com igual peso para a trama. Não conseguiram manter o conteúdo do terceiro ato interessante como o dos dois primeiros, mas não deixa de ser bacana acompanhar essa jornada.
Vida nos apresenta a uma equipe dentro da caríssima Estação Espacial Internacional que examina amostras retiradas do terreno de Marte. No meio de pedras e areia, eles encontram uma forma de vida. Passados a excitação e o alvoroço causados, eles começam a estudar a célula, que cresce numa velocidade assustadora e certamente trará problemas aos astronautas. Os efeitos especiais são exatamente os necessários para fazerem o público acreditar no que está vendo, e tornam certas cenas ainda mais bonitas. E outras, mais aterrorizantes, apesar da trilha sonora insistente e invasiva.
Além de Reynolds, temos no grupo outro nome de peso: Jake Gyllenhaal (de Animais Noturnos, 2016). E há ainda a sueca Rebecca Ferguson, que vem chamando a atenção desde que roubou os holofotes em Missão: Impossível – Nação Secreta (2015). Completam o time a russa Olga Dihovichnaya, o inglês Ariyon Bakare (de Rogue One, 2016) e o japonês Hiroyuki Sanada, que volta ao espaço dez anos depois do superior Sunshine – Alerta Solar (2007). Conhecemos pouco de cada um, mas os atores conseguem dar mais dimensões a eles, além de simpatia e inteligência.
Durante a sessão, é difícil não se lembrar de clássicos do gênero, como a referência óbvia Alien – O Oitavo Passageiro (1979). Ainda mais com um novo episódio da franquia vindo aí (Alien: Covenant, 2017). Por incrível que pareça, Vida ganharia de Alien numa disputa quanto aos personagens. O fato de o roteiro da dupla dividir bem o peso entre eles torna seus futuros imprevisíveis – ao contrário de Ripley (Sigourney Weaver), que é a heroína da série e sempre segue adiante. Mas não chega perto nos quesitos tensão, suspense, nervoso e o que mais sirva para nomear a sensação masoquista que o ícone de Ridley Scott causa em seu público.
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