Veteranos se unem para uma Despedida em Grande Estilo

por Marcelo Seabra

Parece estar em alta uma espécie de subgênero que reúne atores veteranos para um último ato. E deve ser obrigatório, nas especificações desse tipo de filme, contar com Morgan Freeman no elenco. Dessa vez, ele se une a Michael Caine e Alan Arkin para uma Despedida em Grande Estilo (Going in Style, 2017). Só os três já somam quatro Oscars e garantem a diversão, com piadas de um bom nível que entretêm sem ridicularizar ninguém. Mesmo que o andamento seja bem despropositado, com umas soluções muito fáceis.

Se as comédias com amigos são chamadas de “bromance”, essa poderia ser uma “broldmance”, já que são todos veteranos. Se levarmos em consideração os outros longas nessa linha, como Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys, 2012) e Última Viagem a Vegas (Last Vegas, 2013), ou mesmo os dois R.E.D., esse acaba tendo um resultado superior. Refilmagem de uma obra homônima de 1979 (ao lado), ele parte do mesmo argumento, mas segue por direções diferentes. Enquanto o original era mais sobre a solidão e a vontade de chacoalhar as coisas na terceira idade, agora o foco é mais econômico, com problemas financeiros servindo de pontapé para o plano.

O roteiro de Theodore Melfi (indicado ao Oscar esse ano por Estrelas Além do Tempo, 2016) nos apresenta a Joe (Caine, de Kingsman, 2014), Willie (Freeman, de Ben-Hur, 2016) e Albert (Arkin, de Argo, 2012), amigos que aproveitam a aposentadoria vivendo sem luxo, mas comendo todos os dias um pedaço de torta. Até o dia em que a empresa onde trabalharam é extinta e suas pensões vão junto. Com um pequeno discurso sobre a maldade do sistema financeiro norte-americano, eles logo decidem assaltar um banco. A boa notícia é que, ao contrário do ótimo A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2016), Despedida não se leva a sério. O tom de comédia não iria combinar nada.

Com larga experiência atuando em comédias, Zach Braff (da série Scrubs) assina aqui seu terceiro trabalho no Cinema como diretor. Ele é habilidoso em manter o clima leve, fazendo graça com as situações vividas pelos personagens. E, convenhamos, não deve ser nada difícil tirar boas performances desses monstros. No elenco, ainda temos as presenças ilustres de Christopher Lloyd (mais conhecido como o Doc. Brown de De Volta Para o Futuro) e Ann-Margret (de Ray Donovan), todos bem afiados. Matt Dillon (de Ladrões, 2010) continua num misto de canastrice e carisma como o agente encarregado do caso e John Ortiz (de Kong, 2017), que vive uma espécie de consultor de crimes, trabalha numa loja chamada apropriadamente Cameo (em português, algo como participação especial).

É bem verdade que os personagens parecem viver em outro mundo, sob uma lógica ligeiramente diferente da nossa. Por isso, não é difícil perceber um quê de fábula, o que acaba ajudando o espectador a comprar a ideia do assalto. E anda tão complicado encontrar um filme que proporcione algumas risadas que esse esforço é bem-vindo.

Braff e seus veteranos no lançamento do longa

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Esse filme é muito engraçado! O êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Eu adoro o gênero de comédia. Assisti estes tempos, na HBO. Apenas o Começo também com o Morgan Freeman e grande elenco. É uma das melhores comédias que vi e recomendo a todos.

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