por Marcelo Seabra
Vinte anos depois, reencontramos Rent-boy, Sick Boy, Spud e Begbie. Todos perto dos 50, mas não exatamente respeitáveis. Trainspotting 2 (2017) nos leva de volta àquele universo com todos os elementos que fizeram o sucesso do primeiro filme, costurados por uma novidade: a nostalgia. O filme é válido para todos os públicos, mas quem tem idade suficiente para ter visto o original na época em que foi lançado vai ter ainda mais simpatia por ele.
A nostalgia está presente em T2 em várias esferas. Os personagens se lembram daqueles dias nos anos 90 com muito carinho – o que nos proporciona muitos flashbacks. Ver o presente entrelaçado com o passado já reforça bem essa sensação. Ter os atores com menos cabelo e mais rugas, provavelmente sem se verem há muito tempo, também nos leva nessa direção. E até o público deve se pegar pensando nesses últimos vinte anos, no que aconteceu, no que fizeram de suas vidas. O momento do lançamento de Trainspotting foi muito acertado, capturando o espírito de uma época. E qual seria o espírito de agora? O que a sequência deveria mostrar, ou suscitar em seu público?
Apesar de ter assumido alguns projetos mais convencionais nos últimos anos, Danny Boyle mostra que continua afiado na arte de entregar um filme divertido, com uma linguagem moderna, montagem ágil, trilha sonora bem adequada e até elementos visuais que ajudam a contar a história. Lust for Life, música de Iggy Pop e David Bowie, continua tendo um papel importante. Música principal do primeiro filme, ela acaba funcionando como um tema e é utilizada aqui de forma muito inteligente, mais uma vez remetendo à ideia de nostalgia, representando os bons tempos que se foram. Se Boyle mantiver esse padrão de qualidade, estes bons tempos estarão sempre por aí.
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