Surpresas e decepções de 2016

por Marcelo Seabra

Por mais que sempre tentemos não criar expectativas sobre novos filmes, basta um trailer, ou uma campanha de marketing mais insistente, para surgir aquela ansiedade. Se o filme é bom, todos ficam satisfeitos e o problema está resolvido – caso de Rogue One (2016), que traz uma carga enorme por ser parte do universo de Star Wars. Mas, se o filme não é bom, é aquela decepção! Não necessariamente o pior do ano, mas um golpe nos espectadores.

Outros projetos parecem ser desenvolvidos na surdina, sem elementos que chamem muito a atenção. Ou, às vezes, são baseados em material não muito querido, do qual se espera pouco. E eles chegam arrebentando, crescendo na propaganda boca a boca e viram inesperados sucessos na temporada.

Abaixo, seguem as cinco maiores surpresas e decepções de 2016, todos com uma rápida explicação do porquê de estarem na lista. Para a crítica completa, clique no título.

Surpresas

A Bruxa (acima) – um dos independentes mais comentados do ano, ganhou prêmios em festivais e começou a chamar a atenção a cada nova cidade aonde chegava. O diretor estreante Robert Eggers cria um clima de tensão e suspense que muito veterano não consegue na história do desaparecimento de um bebê numa floresta, onde mora uma família religiosa extremista.

Rua Cloverfield 10 (acima) – com uma ótima trilha e John Goodman num grande momento, o longa prende a atenção do espectador e torce sua percepção, brincando com as coisas que parecem e podem não ser. Seria uma catástrofe ou aquele simpático sujeito é um psicopata que aprisiona pessoas? O mistério durante a produção escondeu os segredos a sete chaves.

The Invitation – outro longa a brincar com a expectativa do público, The Invitation troca os papéis entre os personagens à medida em que avança, nos fazendo duvidar do que está acontecendo. Nunca um jantar foi tão tenso! Produção pequena, chegou timidamente ao Netflix.

Quando as Luzes Se Apagam – o diretor David F. Sandberg conseguiu levar seu curta para o Cinema sem perder força, o que não é comum. Ele desenvolve bem a premissa de terror sobre uma entidade que vive nas sombras e atormenta uma família.

O Homem nas Trevas – depois da elogiada refilmagem de Evil Dead, o diretor Fede Alvarez partiu para um material inédito e simples, sobre um assalto à casa de um cego. As coisas obviamente dão muito erradas e Alvarez explora uma casa e seus cantos como poucos, deixando o público na beirada da cadeira.

Menções Honrosas

O Bebê de Bridget Jones (acima) – depois de uma segunda parte ruim e um longo hiato, ninguém esperava nada da pobre Bridget. O humor inteligente e o ótimo timing para comédia dos atores resultaram num divertimento sem restrições.

Ouija: Origem do Mal – um terror, baseado em um jogo, que conta uma história anterior a um outro filme que é bem ruim? Não tinha como dar certo, não é? É aí que desponta o talento do diretor, roteirista e editor Mike Flanagan, que consegue fugir de clichês ao contar a história de uma mãe vidente e suas filhas após o contato com uma tábua Ouija.

Animais Fantásticos e Onde Habitam – quem não é fã de Harry Potter não esperava muita coisa. Quem é, não achava que esse spin off seria à altura da série do bruxo juvenil. Mas a roteirista J.K. Rowling tratou muito bem seu material e vimos uma aventura criativa e divertida, que nos apresenta a uma nova franquia, expandindo o universo de Potter.

Dr. Estranho e Deadpool – quando achávamos que já tínhamos visto tudo em matéria de super-herói, mais especificamente da Marvel, vêm essas duas produções que não são exatamente no padrão. Deadpool traz um humor inédito em um longa desse tipo, fazendo justiça ao personagem, e Dr. Estranho é uma viagem psicodélica construída por vários elementos de qualidade, como diretor, ator, montagem e efeitos visuais.

Decepções

Esquadrão Suicida (acima) – ao contrário da Marvel, a DC parece perdida no Cinema, nos fazendo passar raiva com coisas como esse Esquadrão Suicida, que trai as próprias premissas que estabelece. Uma burocrata do governo resolve reunir um grupo de criminosos para combater uma ameaça que acaba surgindo deles mesmos, algo que faria os Power Rangers ficarem envergonhados.

Batman vs Superman – mesmo depois do fraco Homem de Aço, um encontro entre ícones da infância de muita gente joga nas alturas as expectativas. Mas a mão de Zack Snyder foi mais forte e BvsS conseguiu desapontar, resultando num embate vazio e confuso, com vilões ruins e conclusões piores.

O Caçador e a Rainha do Gelo – parecia uma boa ideia se afastar da Branca de Neve e contar uma história à parte, ainda que no mesmo universo. Com três ótimas atrizes, o cenário era melhor ainda. Mas o resultado é uma canseira confusa, que não traz novidade alguma e tenta fazer graça com um humor rasteiro e fora de lugar.

Café Society (acima) – um elenco fantástico nas mãos do prolífico Woody Allen não necessariamente resulta em algo marcante. Com uma média de um novo filme por ano, o diretor e roteirista é lembrado por ótimas produções, mas as medíocres continuam rondando seu currículo. Assim como a série que lançou esse ano, Crisis in Six Scenes, esse Café Society não chega a lugar nenhum, contando histórias que se encavalam e não se resolvem.

Assassino a Preço Fixo 2 – o dinheiro falou mais alto e uma aventura bacana de 2011 ganhou uma continuação formulaica na qual o protagonista, um assassino do mais alto gabarito, aceita uma missão… por que mesmo? Furado de um lado a outro, o longa não empolga nem mesmo seus atores, que parecem constrangidos e doidos para passarem logo para o próximo projeto.

Menção Desonrosa

A Última Ressaca do Ano – com alguns atores aparentemente engraçados no elenco, era de se esperar ótimas piadas. Mas passamos a sessão toda com aquele projeto de sorriso no rosto, esperando que ele se confirme, mas nada que justifique acontece. A festa de Natal do escritório só consegue produzir violência e situações previsíveis, nada nem perto de engraçado.

Essa festa deu errado de várias formas

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Ouso discordar de alguns pontos da lista, rsrs. Aguardei ansiosamente para ver "A Bruxa" e... total decepção! O filme causa sonolência a maior parte do tempo, prende a atenção apenas nos 30 minutos finais e só dá um "medinho" quando o capiroto resolve conversar com a bruxa. "Quando as luzes se apagam" é a pior besteira de terror lançada este ano. Filme fraco, insosso e bobo. Não prestou nem para dar uns sustos. Para quem está acostumado com James Wan, soou como filme infantil. O restante, concordo!

  • Não que tenha sido uma decepção, pois, não se poderia esperar outra coisa. Mas... dia desses eu e minha esposa fomos levar nosso filho ao cinema e, por absoluta falta de opção, escolhemos o "filme" da Masha e o Urso. Pelo menos foi anunciado como sendo um filme e pensamos ser algo inédito do desenho que passa diariamente na TV e que as crianças adoram. Eis que o "filme" não passa de uma emenda de desenhos que já passaram na TV com alguns episódios efetivamente inéditos. Mas não é uma história, não tem um enredo, um roteiro. Mas o pior de tudo é que entre um episódio e outro há entradas de uma dupla de apresentadoras totalmente sem carisma e sem noção, Maísa e uma das filhas do Sílvio Santos. As tais apresentadoras fazem "perguntinhas" idiotas para saber se a criançada está atenta ao "filme", coisas do tipo: "qual a cor do vestido da Masha" ou "que fruta caiu da árvore na hora em que o urso estava passando debaixo dela". Sinceramente, a ruindade das apresentadoras é algo surreal, com intervenções desnecessárias que somente se prestam a encher linguiça. Prá mim, como se diz, o "filme" foi o péssimo dos péssimos do ano, sem dúvida alguma.

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