Animação homenageia Batman dos anos 60

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Batman, série cômica produzida entre 1966 e 1968, foi um fenômeno cultural da época. Apesar de ser odiada por fãs mais modernos, a série foi uma das principais catapultas para a popularidade do futuro Cavaleiro das Trevas. Prova disso é que, nos últimos anos, a DC resolveu revisitar essa versão do personagem em uma série de minisséries em quadrinhos lançados inicialmente em formato digital e, posteriormente, em edições físicas encadernadas. A boa repercussão dessa iniciativa, somada ao fato de as disputas relativas aos direitos sobre a série terem sido resolvidas e permitido que ela fosse lançada em DVD e Blu-Ray, atiçou o interesse da nova geração por essa versão mais leve do herói. Isso fez com que a divisão de animação da Warner Bros. resolvesse lançar uma animação baseada nela e, no mesmo ano do sombrio (e decepcionante) Batman vs Superman, chegou às lojas tupiniquins Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica (Batman: Return of the Caped Crusaders, 2016). De cara, fica o aviso: se o único Batman que você considera “o verdadeiro” é aquele estabelecido após a reformulação de Frank Miller ou o que estrelou a trilogia de Chris Nolan, passe longe desse longa.

Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica é praticamente uma continuação da série camp dos anos 1960, mas com possibilidades que uma série live-action, com um orçamento limitado, não poderia explorar. A animação começa como quase todos os episódios da série. O milionário Bruce Wayne e seu protegido Dick Grayson (respectivamente dublados pelo Batman e Robin originais, Adam West e Burt Ward) estão na Mansão Wayne acompanhados de seu mordomo Alfred (Steven Weber, de séries como NCIS: New Orleans e Duas Garotas em Apuros) e da tia de Bruce, Harriet (Lynne Marie Stewart, também de Duas Garotas em Apuros), que desconfia da natureza da relação da dupla, quando o telefone vermelho toca. O comissário Gordon (Jim Ward, de Pets: A Vida Secreta dos Bichos, 2016) e o Chefe O’Hara (Thomas Lennon, de Transformers: A Era da Extinção, 2016) precisam da ajuda de Batman e Robin quando descobrem que o Coringa (Jeff Bergman, de Uma Família da Pesada), o Charada (Wally Wingert, também de Uma Família da Pesada), o Pinguim (William Salyers, ator especializado em dublagens de jogos) e a Mulher-Gato (Julie Newmar, reprisando seu papel na série dos anos 1960) se uniram para um plano diabólico que apenas a Dupla Dinâmica pode deter.

A animação segue uma fórmula conhecida dos fãs da série em seu primeiro ato, com Batman e Robin enfrentando os quatro em meio a angulações estranhas de câmera e onomatopéias que explodem na tela – “POU!” “SOC!” e etc -, Batman tentando dar lições de moral no meio das brigas e Robin soltando seus bordões (santo isso, santa aquilo) a todo o tempo. Ao fim dos primeiros vinte minutos, a exemplo do que acontecia na série, Batman e Robin estão presos em uma armadilha excêntrica enquanto o quarteto de vilões se afasta, deixando a Dupla Dinâmica a seu próprio destino. Desnecessário dizer que, a exemplo da série, Batman e Robin conseguem escapar e, daí em diante, a animação toma um rumo relativamente surpreendente, ainda que não se afaste muito da premissa da série original. Apesar do visual de Gotham lembrar muito o de diversas animações de Batman e os cenários não serem tão excêntricos e coloridos, isso não traz nenhum demérito à animação.

Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica acaba sendo uma animação leve e divertida que deve despertar a nostalgia dos mais velhos e o interesse da nova geração em ver essa versão do herói. Lançada diretamente para o mercado de homevideo, ela já está disponível no Brasil. Vale a pena dar uma conferida.

Ward e West hoje

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Muito maneiro! a versão dos anos 60 era muito engraçada e pra falar a verdade até hoje eu costumo assistir. Dá pra entender os fãs modernos, claro. É um Batman totalmente diferente. Obrigado pela dica!

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