por Marcelo Seabra
Com uma proposta interessante, o canal National Geographic fez a estreia de uma nova série em sua programação: Marte (Mars, 2016). Alternando entrevistas e ficção, a ideia é mostrar, com o máximo de rigor científico, como será a provável primeira viagem do homem ao planeta vermelho. As imagens de lançamentos reais de foguetes e das empresas que se dedicam à exploração espacial e os depoimentos de cientistas respeitados trazem mais veracidade à produção. Serão seis episódios de 45 minutos cada.
Um livro lançado no ano passado, How We’ll Live on Mars, serve como base para o roteiro, e o autor, Stephen Petranek, é um dos consultores envolvidos. Como ainda não temos o planejamento para essa viagem, a série acompanha duas épocas distintas. Em 2016, conferimos as falas de quem trabalha e estuda equipamentos relacionados a viagens espaciais e demais condições de vida lá fora. Uma empresa privada que desenvolve naves espaciais, a SpaceX, deu total acesso às suas dependências aos produtores da RadicalMedia, e ninguém menos que o presidente da SpaceX, Elon Musk, é um dos que aparecem na tela. Além dele, temos gente como Robert Zubrin, fundador e presidente da Mars Society, o administrador da NASA Charles Bolden, o astronauta James Lovell, da Apollo 13, o astrofísico Neil deGrasse Tyson e o escritor Andy Weir, autor do livro que serviu de base a Perdido em Marte (The Martian, 2015).
Já em 2033, vemos a parte imaginada, quando uma associação entre vários países deu origem a uma instituição mundial, a única forma de concentrarmos esforços e chegarmos de fato a Marte. Com todos os detalhes levados em consideração, logo no primeiro episódio a Daedalus parte da Terra e enfrenta suas primeiras dificuldades para pousar em solo marciano. Com uma equipe de seis astronautas, a nave tem a altura de um prédio de 14 andares, o que dá uma ideia da complexidade do projeto. A astronauta Mae Jemison, a primeira mulher afro-americana a ir ao espaço, deu um curso aos atores de como se comportarem na nave e na ausência de gravidade, além de contribuir com dicas para os diálogos ficarem bem reais.
Com Ron Howard, diretor da trilogia de Robert Langdon, e o parceiro habitual Brian Grazer entre os produtores, não é de se espantar a qualidade técnica de Marte. Segundo outro produtor, Justin Wilkes, os dois times, o cinematográfico e o científico, não tiveram nenhuma briga, pelo contrário. “As informações científicas inspiraram os roteiristas a criarem histórias mais dramáticas sem sacrificar a ciência. É mais dramático porque é baseado em ciência”, disse Wilkes ao site space.com.
Para quem perdeu o primeiro episódio, a boa notícia é que ele está disponível online no site do NatGeo (clique aqui). Nos Estados Unidos, a estreia é hoje. No Brasil, a exibição é sempre aos domingos, às 23h, competindo com Westworld (HBO) e The Walking Dead (AMC). O ponto negativo é a forma como o canal trata a atração: não há legendas disponíveis, o que leva quem não domina o inglês a ver dublado, e várias informações não desejadas aparecem na tela, como propagandas de outros programas e a irritante tag #partiumarte, que fica durante todo o episódio.
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