Sequência tardia de Bridget Jones é grata surpresa

por Marcelo Seabra

Depois de ter passado por quase todos os perrengues possíveis da vida de solteira, Bridget Jones está de volta para enfrentar um daqueles tabus que parecem saídos das décadas passadas: ter um filho sem ser casada. Doze anos depois da fraca segunda aventura, a personagem aparece em O Bebê de Bridget Jones (Bridget Jones’s Baby, 2016), longa que retoma o bom humor do primeiro e funciona até para quem chegou agora na franquia. O pouco de informação prévia necessário é logo apresentado e situa todo mundo.

Nascida de uma coluna de jornal escrita anonimamente por Helen Fielding, a personagem ganhou um livro em 1996 e, no ano seguinte, após muita propaganda boca a boca, ele chegou aos mais vendidos e virou um grande sucesso. Em 1999, foi lançada a continuação e Jones chegou ao Cinema em 2001. Com um intervalo de apenas três anos do primeiro filme para o segundo, era de se esperar outro na sequência. Baixa bilheteria e muitas trocas na direção e roteiro impediram que isso acontecesse, inclusive afastando Hugh Grant de uma possível participação. Mas a longa espera fez bem ao projeto, essa terceira parte é bem mais interessante e engraçada que a anterior e conseguiu contar com a diretora do primeiro, Sharon Maguire.

Após ganhar peso e forçar um sotaque britânico, Renée Zellweger caiu nas graças do público como Bridget, mas não aparecia em qualquer coisa desde 2010. No meio do caminho, foi levantada a hipótese de que tenha havido uma cirurgia plástica, bastante comentada por ter alterado drasticamente o rosto da atriz, mas ela negou e disse apenas ter envelhecido. Contra todos esses percalços, ela voltou à personagem e já tem até outro trabalho engatilhado. Mais um nome importante do elenco, Colin Firth, está de volta, já que o filme não estaria completo sem o eterno interesse amoroso Mark Darcy.

Sempre muito atrapalhada e passando vergonha em grandes eventos, Bridget é produtora de um programa de TV e só tem a apresentadora como companheira de farra, já que todos os seus amigos estão casados, muitos com filhos. Em uma dessas saídas, ela passa a noite com um estranho bonitão (Patrick Dempsey, de Grey’s Anatomy). Pouco depois, reencontra Mark Darcy (Firth), que está se separando. Para quem estava com uma vida sexual inexistente, ela tem uma boa movimentada, mas aí vem o impasse: ao descobrir que está grávida, ela não sabe de quem é o bebê.

Com Maguire na direção e Emma Thompson (Oscar por Razão e Sensibilidade, 1995) reescrevendo o roteiro da própria Fielding, poderíamos esperar uma protagonista forte, independente, que busca uma companhia masculina apenas para adicionar, e não para completar. Bridget Jones é bem completa, e isso é algo fantástico de se ver. Com tantos filmes colocando grandes atrizes como coadjuvantes de luxo, escadas para os atores, é bom ver na tela uma mulher de verdade, que inclusive não se importa muito com a questão da paternidade. E o embate entre os dois rivais é ótimo, já que ambos parecem ser adultos responsáveis e não há nenhum tipo de apelação. Eles querem o melhor para a nova mamãe, sem nunca roubar os holofotes dela.

Três personagens críveis e interessantes interagindo não é algo que vemos todos os dias. Ainda mais com um deles sendo uma mulher como Bridget Jones. O elenco de apoio não deixa a dever, inclusive trazendo novamente os pais de Bridget, vividos por Gemma Jones e Jim Broadbent. A mãe simboliza o ranço de uma sociedade parada no tempo que criticaria uma mulher por ter um filho solteira, enquanto o pai é o porto seguro de sempre. Thompson também entra como atriz, fazendo a médica que acompanha o pré-natal – uma profissional competente, mas que ninguém gostaria de ter por perto, uma espécie de House de saias.

E já se vão 15 anos do primeiro filme

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • QUE LOIRA LINDA, DEIXE QUE EU TIRO SUA SOLTEIRICE, LINDA LINDA LINDA

  • Gostei muito dos dois filmes e para mim foi uma surpresa esse terceiro filme depois de tantos anos. Estou ansiosa pra assistir.

  • Parabéns pela crítica, mas tenho que dizer meu caro, que descrever que o sotaque britânico interpretado pela Renée foi forçado é no mínimo falta de conhecimento e também desmerecer seu trabalho intocável. Um sotaque perfeito que conheceu a ponto de dividarem de sua origem texana.

    • Daniele, eu disse que ela forçou um sotaque por não ser o natural dela. Em momento algum, quis desmerecer o trabalho da atriz, desculpe se não ficou claro. E obrigado pela visita.

  • Estou morrendo de saudades de ver esse filme novamente e quero saber quando e onde ele vai passar na TV. As notícias que li sobre esse filme já ficaram no passado. Quero saber hoje, 08.09.2019, domingo. Esse filme é simplesmente ESPETACULAR e não perde para filme NENHUM, com ou sem OSCAR. Renée Zellweger e Colin Firth são nota 10 e o filme é nota 10 também. Por favor, vocês não podem e não devem deixar de passar esse filme, que é espetacular, em todos os sentidos. Obrigada pela oportunidade de deixar aqui os meus comentários e a minha preferência. O Bebê de Bridge Jones é filme para ser visto SEMPRE.

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