por Marcelo Seabra
Um problema de muitas cinebiografias é tentar abraçar o mundo. Uma ótima saída é focar em um momento bem delimitado e importante da vida do biografado, o que permite ir com calma e examinar com mais profundidade os fatos. Isso ainda permite desenvolver bem os personagens. É o que observamos em Life – Um Retrato de James Dean (2015), longa em que o diretor Anton Corbijn se debruça sobre a curta relação entre o futuro astro James Dean e o fotógrafo que tirou suas fotos mais famosas, Dennis Stock.
Para que um filme sobre a amizade que nasce de um interesse profissional funcione, a química entre os sujeitos deve ser ótima, ou não teria milagre para fazer o público comprar a ideia. É exatamente o que acontece com a dupla Robert Pattinson e Dane DeHaan. Sempre lembrado como o vampiro de Crepúsculo, Pattinson já demonstrou ser capaz de mais e, aqui, oferece uma interpretação contida de um cara estressado, que não sabe o que fazer, que era bem o caso de Stock. DeHaan (o Harry Osborn da nova franquia do Homem-Aranha) é um James Dean perfeito. Mesmo não sendo tão parecido fisicamente, ele encarna bem o garoto interiorano que, embora visto como a personificação do rebelde, era apenas sem lugar. Jimmy, como era chamado, gostava de coisas simples e evitava a vida de celebridade.
Control, outra cinebiografia comandada por Corbijn, tem características semelhantes a este Life, assim como com os demais filmes do diretor (Um Homem Misterioso, 2010, e O Homem Mais Procurado, 2014). O ritmo costuma ser mais lento, priorizando as interpretações, e há uma melancolia constante. As pausas e reflexões de DeHaan são ótimas, reforçando o fato de que Jimmy não se encaixava na velocidade que esperavam dele. O clima de tragédia iminente é óbvio, já que sabemos o futuro de Dean, mas o roteiro de Luke Davies (de Candy, 2006) joga luz sobre outros fatos não tão conhecidos, o que vai agradar a qualquer cinéfilo.
Com Life, conhecemos melhor James Dean, a época em que ele viveu e até algumas práticas dos universos que ele e Stock frequentavam. No Cinema, Ben Kingsley (de A Travessia, 2015) vive o poderoso Jack Warner, um produtor que dizia a seus protegidos o que podiam e o que não podiam fazer. E a namorada de Jimmy, Pier Angeli (a linda Alessandra Mastronardi, de Para Roma, Com Amor, 2012), também era uma estrela em ascensão, o que dificultava um pouco o relacionamento, cada um com seus compromissos. No mundo da fotografia, entendemos que os profissionais eram contratados para trabalhos específicos, a maioria entediantes, e só os consagrados tinham benesses como suas próprias exposições. Joel Edgerton (de Aliança do Crime, 2015) faz o editor de Stock, o meio de campo entre o fotógrafo e a publicação.
A fotografia é outro mérito da produção. Charlotte Bruus Christensen (de A Caça, 2012) consegue dar personalidade a três cidades distintas, ressaltando pontos interessantes de cada, sempre com muita beleza. A fidelidade ao período retratado pode ser comprovada vendo-se as fotos originais de Stock, o que nos leva a outro ponto forte: a reconstituição da época. O ano era 1955, meses antes do fatídico acidente. Somando-se à estética vem a trilha sonora de Owen Pallett (de A Caixa, 2009), um jazz gostoso com uma percussão acentuada que casa perfeitamente com as cenas. Com esses elementos, temos uma experiência completa e bem satisfatória.
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