por Marcelo Seabra
Dizem que, dessa vez, Leonardo DiCaprio finalmente leva o Oscar. Sua interpretação em O Regresso (The Revenant, 2015) é realmente um dos pontos altos do longa, indicado a muitos prêmios, vencedor de outros tantos e em cartaz nos cinemas. Tecnicamente perfeita, a obra apresenta uma história de sobrevivência e vingança inspirada em fatos no gênero conhecido como o mais americano de todos, o faroeste. E o diretor Alejandro González Iñárritu vai se tornando um dos grandes nomes da sétima arte da atualidade.
A história do explorador, caçador, negociante e guia Hugh Glass (DiCaprio) é amplamente conhecida nos Estados Unidos e o livro de Michael Punke serve como base para o roteiro do diretor e Mark L. Smith (de Martyrs, 2015). Deixado para morrer por seus pares após uma luta com um urso cinzento, Glass sobreviveu para contar sua jornada e buscar vingança contra o sujeito que teria sido o causador da traição, vivido pelo ótimo Tom Hardy (o novo Mad Max – abaixo). Esse fiapo de trama permitiu a Iñárritu fazer bastante barulho, com uma campanha de marketing feroz que aproveitou até histórias de bastidores, e dar ao amigo Emmanuel Lubezki a oportunidade de ganhar seu terceiro Oscar seguido de Melhor Fotografia – seguindo Gravidade (Gravity, 2013) e Birdman (2014), que também premiou Iñárritu.
A fotografia de Lubezki é decididamente a melhor coisa de O Regresso. Suas paisagens em grande escala, mostrando a neve no interior dos Estados Unidos, seguindo o rio Missouri, são um espetáculo. Especialmente, quando vistos em uma tela de dimensões IMAX. E Lubezki ainda encontra chance para metáforas visuais, como quando a respiração do personagem embaça a tela, fazendo referência a sua mente se apagando. DiCaprio, muito comentado, de fato faz um bom trabalho, mas premiá-lo aqui seria compensar faltas em interpretações bem superiores, como em O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013) ou Django Livre (Django Unchained, 2012). Como a Academia faz isso com certa frequência, não seria surpresa.
Além da dupla de antagonistas, vistos juntos em A Origem (Inception, 2010), é importante ressaltar o trabalho de outros dois atores. O jovem Will Poulter já vinha chamando a atenção em filmes menores até conseguir um papel de destaque em Maze Runner (2014). Aqui, ele tem espaço para mostrar um sujeito em uma batalha interna: ser ético e ter compaixão ou partir para a praticidade, mesmo que isso envolva uma morte. E Domhnall Gleeson, em seu quarto longa só esse ano (Star Wars é um deles), vive um herói do exército que procura ser o mais justo possível, dadas as circunstâncias. A ruindade é distribuída entre diversos personagens, já que os índios e os franceses são retratados como seres de facetas variadas, ambos fazendo o que julgam necessário para sobreviverem. Quanto aos americanos, Hardy já é mau o suficiente, e o ator o faz brilhantemente.
Apesar da fotografia, atuações e efeitos visuais excelentes, além de uma reconstituição de época primorosa, O Regresso é um filme que mantém seu espectador à distância. O frio de suas paisagens acaba contaminando-o, evitando qualquer identificação com os sujeitos retratados. Como num filme de vingança qualquer, já podemos prever os caminhos que serão traçados, e o final se arrasta e se afasta dos fatos que serviam como fonte apenas para causar mais suspense. Iñárritu, que vem se aventurando entre gêneros, só precisa se preocupar em engajar seu público, já que todo o resto está até acima da competência esperada.
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