por Marcelo Seabra
Chega uma hora que não dá mais para colocar Rocky Balboa num ringue contra um oponente bem mais ágil e jovem. Deve-se arrumar outra desculpa. Pois foi o que fez o roteirista e diretor Ryan Coogler, chamando a atenção para o outro campeão desse universo: Creed – Nascido para Lutar (2015) foca no filho desconhecido do falecido Apollo Creed, o antagonista que se torna o grande amigo de nosso herói. Dessa forma, Coogler introduz Balboa para as novas gerações sem perder o carisma de seu astro, Sylvester Stallone, e ainda com o ótimo Michael B. Jordan.
Depois de cooperarem no elogiado Fruitvale Station (2013), o diretor e seu jovem protagonista, já recuperado do fiasco Quarteto Fantástico (Fantastic Four, 2015), voltam a criar um personagem crível, por quem podemos torcer mesmo tendo defeitos. Assim como Rey, do novo Star Wars (2015), Adonis Johnson não teve um mentor ou um treino apropriado para chegar onde queria. Lutando e malhando por conta própria, ele conseguiu uma certa fama no submundo de lutas clandestinas no México. Para ganhar projeção em seu país, procura ninguém menos que o nosso velho amigo, o “garanhão italiano”.
Sonhando construir um nome próprio e fugir da sombra do pai, Adonis esconde sua origem dos demais e, com o apoio de seu recém adquirido “tio”, começa a maratona. De cara, conhecemos aqueles que serão seus oponentes e já temos uma boa ideia do que virá pela frente. Mas, assim como em Star Wars, o que importa é a jornada: como o rebelde se tornará um ícone? E como homenagear uma série cinematográfica longa sem ser piegas, respeitando as regras já apresentadas, e ainda levá-la adiante? Esses são os desafios que Coogler e seu co-roteirista, o estreante Aaron Covington, conseguem vencer, para a felicidade de quem acompanha Rocky há alguns anos – ou décadas.
O tema clássico, Gonna Fly Now, de Bill Conti, é revelado através de indícios aqui e ali, mas a vontade de abusar dele é contida. O compositor sueco Ludwig Göransson (de Community) consegue se segurar e buscar um tema específico para Johnson. A música acaba refletindo o filme: alguns traços repetidos do primeiro filme, mas diferente o suficiente para caminhar sozinho. Volta e avança num curto espaço de tempo, enfatizando mais a vida na Filadélfia e seus pontos turísticos. A fotografia urbana é muito bonita, transmitindo a sensibilidade feminina de Maryse Alberti (de A Visita, 2015) numa obra essencialmente masculina. Não que o público feminino não possa gostar, há uma história bonita por trás dessa testosterona toda. Mas o suor e o sangue espirrados nos ringues devem atrair mais homens aos cinemas.
Ao contrário de outros jovens talentos – como Milo Ventimiglia no episódio anterior – que somem perto de alguém com a presença de Stallone, Jordan reafirma sua força, mostrando-se uma escolha muito acertada para o papel. Sua transformação física é assustadora, exibindo músculos que não existiam em seus trabalhos mais recentes. E o veterano ítalo-americano está em uma de suas melhores atuações, tendo inclusive levado alguns prêmios, como o Globo de Ouro e o da National Board of Review. Veremos se será dessa vez que ele leva um Oscar pra casa. E já começa a torcida por mais uma aventura de Rocky Balboa.
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