por Marcelo Seabra
Em 1820, uma baleia enorme atacou sistematicamente um navio baleeiro até afundá-lo, deixando a tripulação sobrevivente à deriva. Como é costume em longas que contam histórias reais, No Coração do Mar (In the Heart of the Sea, 2015) explora tudo o que está em volta: da vida prévia de seus personagens ao que houve depois, passando lentamente pelo próprio fato. O diretor Ron Howard, acostumado a lidar com histórias de não-ficção, acerta novamente, dosando bem drama e suspense e resistindo à tentação de transformar seus personagens em heróis impecáveis.
O projeto é baseado no livro homônimo de Nathaniel Philbrick, que narra os fatos como eles teriam acontecido. O escritor Herman Melville usou a mesma premissa para criar aquele que é conhecido como um dos maiores clássicos da literatura norte-americana: Moby-Dick. E é desse ponto que o roteiro de Charles Leavitt (inacreditavelmente, o mesmo de O Sétimo Filho, 2014) parte: o encontro do jovem Melville (Ben Whishaw, de Spectre, 2015) com o último sobrevivente da tragédia com o Essex, um veterano dos mares (Brendan Gleeson, de No Limite do Amanhã, 2014) que vive atormentado por suas memórias. Procurando exorcizar o passado e ainda ganhar um dinheiro, ele conta tudo.
No relato, conhecemos, dentre vários personagens, nossos protagonistas. O Primeiro Imediato, Owen Chase, é um homem forte, decidido, que sempre é prejudicado por ser de origem humilde e de fora, numa cidade incrivelmente bairrista. O Capitão, George Pollard, é de uma família rica e tradicional, com o sobrenome garantindo a liderança no barco mesmo com a pouca experiência e a enorme insegurança. Esses dois logo entrarão em embate, mas terão mais com o que se preocuparem. Nos papéis, temos uma química interessante entre Chris Hemsworth, que repete a parceria de Rush (2013) com Howard, e Benjamin Walker (de Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros, 2012), que consegue compor um sujeito que parece aplicar as dicas que o pai lhe deu para tentar sair de situações que nunca viveu.
Além da dupla principal, temos um elenco interessante que ajuda a compor a tragédia. O narrador, Thomas Nickerson, é vivido por dois bons intérpretes: Brendan Gleeson, quando mais velho, que é um dos maiores atores em atividade; e Tom Holland, o garoto revelado em O Impossível (The Impossible, 2012) e que será visto em breve como Homem-Aranha. O Espantalho, da trilogia Batman, também está presente: Cillian Murphy é mais um marinheiro que ajuda o Essex a cumprir sua tarefa. Ben Whishaw fica mais restrito, por ficar apenas dentro de casa, entrevistando, mas é sempre uma figura interessante.
Talvez o principal defeito de No Coração do Mar seja a ausência da obsessão e da tensão que temos em Moby-Dick. Fora um momento ou outro, o filme segue sem muitos solavancos. Por outro lado, o roteiro aproveita para desenvolver as personalidades, o que nos permite conhecer um pouco melhor alguns deles e faz com que nos preocupemos com eles. Apesar de torcer pela baleia.
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