por Marcelo Seabra
Chega ao fim a saga de Katniss Everdeen. O quarto filme da franquia Jogos Vorazes está em cartaz e passou dos 100 milhões de dólares em seu fim de semana de estreia. Mesmo assim, a performance de A Esperança – O Final (The Hunger Games: Mockingjay – Part 2, 2015) é considerada desapontadora, já que os anteriores foram mais longe. A aventura também é a nossa última oportunidade de ver o saudoso Philip Seymour Hoffman na tela grande.
Depois de ser usada como símbolo dos rebeldes, Katniss (Jennifer Lawrence) é colocada de lado pela Presidente Coin (Julianne Moore) para ressurgir apenas no momento da vitória, preservada como O Tordo do título original. Obviamente, a garota não fica satisfeita em apenas esperar e dá um jeito de voltar para o olho do furacão. E ela tem algo bem específico em mente: matar o Presidente Snow (Donald Sutherland). Ela parte com um grupo que inclui seu amor de infância, Gale (Liam Hemsworth), e seu par romântico mais recente, Peeta (Josh Hutcherson).
Com essa tradicional jornada de herói como desculpa, a escritora Suzanne Collins e os roteiristas Peter Craig e Danny Strong aproveitam para falar de política, de mídia, de poder e outros vários tópicos jogados nesse caldeirão. É fácil ver algumas daquelas falas saindo da boca de certas celebridades e políticos brasileiros, tamanha é a atualidade do texto. A solução, no entanto é bem simplista, e não se aplicaria ao nosso cenário, o que tira um bocado da força da trama. E por falar em força, há fatos mal aproveitados que poderiam ter tido muito mais impacto. Mas Francis Lawrence parece mais preocupado em cobrir o que é relatado no livro, sem muita atenção a tirar mais sentimento, e o diretor perde algumas oportunidades de encenar momentos memoráveis. Personagens são descartados repentinamente e muitos devem dizer que o livro é melhor resolvido.
Do trio principal, Hemsworth tem a chance de mostrar mais serviço que nas aventuras anteriores, mas ele não tem metade do carisma do irmão mais famoso, Chris (o Thor). E Hutcherson continua insosso, empalidecendo ao lado de qualquer colega de elenco, principalmente de Jennifer Lawrence. Os veteranos Sutherland e Moore não foram escolhidos a toa para serem os líderes de seus lados. Aparentemente sem esforço, eles vão longe dentro de seus personagens, mesmo que os diálogos não sejam fantásticos. Algo que chama a atenção é o excesso de discursos: a todo momento, alguém começa a falar da importância de alguma coisa, ou qualquer outra bobagem motivacional, e isso logo enfara o espectador.
Jogos Vorazes: A Esperança – O Final é um filme tecnicamente satisfatório, que leva a nossa heroína a uma conclusão. Mas, além de previsível, não causa nenhuma impressão mais forte, o que possivelmente aconteceria se a história não tivesse sido alongada para duas partes, ao invés de apenas uma. Para cada aspecto criativo e interessante, há outro questionável, o que joga a produção num empate medíocre. Para quem vem acompanhando a saga desde 2012 e se empolgou com o primeiro, sobrou só expectativa.
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