por Marcelo Seabra
O sempre carismático Matt Damon se uniu ao renomado Ridley Scott para levarem ao Cinema Perdido em Marte (The Martian, 2015), adaptação do elogiado livro de Andy Weir. Felizmente, essa mistura de talentos deu como resultado um filme que consegue ser leve, tenso e inteligente ao mesmo tempo, sendo um dos melhores das carreiras dos envolvidos. E é provavelmente uma das obras mais otimistas de Scott, que parece ter superado a perda do irmão e deixou de lado temporariamente seus temas mais sombrios.
Como no livro, o roteiro é bem detalhista. Chega a dar a impressão de ser baseado em fatos, tamanha é a riqueza de informações. Drew Goddard, criador e roteirista da série do Demolidor, adaptou o texto original, que nos apresenta a uma equipe de astronautas, cada um com uma especialização, que vai a Marte. No meio de uma tempestade de areia fortíssima, eles são obrigados a bater em retirada e um membro acaba ficando para trás. Dado como morto, Mark Watney (Damon) consegue sobreviver apenas para descobrir que dificilmente conseguirá aguentar muito tempo naquele lugar inóspito.
Aplicando seus conhecimentos em botânica, Watney vira uma espécie de MacGyver do espaço, cultivando vida e, ao mesmo tempo, esperança. Enquanto acompanhamos suas peripécias, temos o time que segue para a Terra na nave e o pessoal da NASA que ainda não sabe que o colega sobreviveu. Trabalho em equipe é uma constante, tanto embaixo quanto em cima. Acompanhar personagens inteligentes tomando boas e bem pensadas decisões é sempre um alívio, visto que muitas vezes em outras produções chuta-se a coerência pro lado apenas para o roteiro poder andar. E não precisamos saber muito sobre cada personagem para nos importarmos com ele, todos são apresentados de forma crível o suficiente.
É interessante notar o bom humor em uma ficção-científica, já que muitas são sisudas e entram em aspectos filosóficos, tratando da existência humana, do futuro do planeta e afins. Prometheus (2012), do próprio Scott, vai por esse caminho, mas tanto Cloverfield (2008) quanto Guerra Mundial Z (World War Z, 2013), roteirizados por Goddard, se agarram mais à sobrevivência de seus protagonistas, o que também observamos com Watney. Ele mantém sua sanidade mesmo quando as coisas dão errado, e imprevistos não faltam, trazendo bastante drama à trama. Mesmo assim, a leveza permanece. Ainda mais com o ótimo uso da trilha sonora, dentro e fora da realidade do astronauta. Temos clássicos da Disco Music ouvidos pelo próprio Watney, além de outras músicas populares, como David Bowie, pontuando momentos importantes.
Além de Damon, totalmente à vontade no papel, temos sua companheira de Interestelar (2014), Jessica Chastain, como capitã da nave. Ela é forte, justa e decidida, como uma
Com uma combinação tão feliz, Perdido em Marte é bom entretenimento e consegue ser muito mais perspicaz a ágil que boa parte das produções lançadas anualmente. E o público parece ter descoberto isso, já que o longa acumula quase U$ 400 milhões de bilheteria pelo mundo. O orçamento, de U$ 108 milhões, foi mais do que coberto, e Scott cumpriu sua missão, voltando à boa forma pela qual é lembrado.
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Para mim, este filme está entre os 3 melhores de 2015!
Fantástico!!