por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Aproveitando a proximidade do aniversário de 70 anos da Segunda Guerra Mundial, os produtores Mark Ellis e Stephanie Morgenstern (ambos da série Flashpoint) finalmente resolveram apresentar um projeto no qual estavam trabalhando há mais de 12 anos ao canal canadense CBC. Levemente baseada em fatos reais, X Company mostraria as atividades do Camp X – um campo de treinamento de espiões localizado no Canadá, fundado em dezembro de 1941, um dia antes dos Estados Unidos entrarem no conflito, cujo objetivo inicial era estabelecer comunicação entre a Inglaterra e os E.U.A. – na coordenação de ataques realizados por uma pequena equipe de agentes atrás das linhas inimigas.
Lançada em fevereiro no Canadá, a primeira temporada da série, a exemplo da grande maioria das produções do gênero, mostra a equipe liderada pela sargento Aurora Luft (Evelyne Brochu, de Orphan Black) executando missões diferentes a cada semana, enquanto uma história maior se desenvolve ao fundo. Muito dela se foca em Alfred Graves (Jack Laskey, de Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras), um homem que se juntou ao exército para lutar nos bastidores, trabalhando basicamente com fluxo de informações, mas que acabou sendo obrigado a ir para o campo de frente devido a suas habilidades únicas. Alfred é dono de uma memória eidética, ou seja, não esquece nada do que vê, o que o torna uma peça valiosa dentro de um grupo de espiões que precisa agir na surdina e da maneira mais rápida e discreta possível. Em uma época em que não existiam celulares com câmeras, ter uma memória fotográfica era uma vantagem gigantesca nesse tipo de trabalho. Completam o time de Aurora o ex-policial Neil Mackay (Warren Brown, da série Luther), o engenheiro Harry James (Connor Price, do remake de Carrie, A Estranha) e o publicitário Tom Cummings (Dustin Milligan, da nova versão da série Barrados no Baile).
Ao longo da primeira temporada de X Company, vemos a equipe conduzindo missões de contra inteligência, sabotagens e resgates exclusivamente na França, ao mesmo tempo em que tentam recrutar mais e mais civis para a Resistência, como ficou conhecido o grupo de civis franceses que se uniu para lutar contra as forças de ocupação alemã. Seu principal inimigo é o responsável pelas tropas alemãs na França, o tenente Franz Faber (o alemão Torben Liebretch), que, apesar de nazista e ser retratado de uma maneira relativamente estereotipada, tem uma profundidade pouco esperada de personagens desse calibre nesse tipo de produção, o que é um ponto positivo aqui. Outros pontos a serem elogiados são a reconstituição de época e a forma como os roteiros – especialmente dos primeiros episódios – foram bem amarrados, criando bons climas de tensão.
Seguindo uma tendência da dramaturgia mundial que aborda a Segunda Guerra Mundial, nem todo nazista é retratado como um monstro sem alma (ainda que eles existam), da mesma forma que nem todo aliado é um herói do estilo clássico, ou seja, uma pessoa segura de si o tempo todo. Todos os personagens têm suas inseguranças, hesitações e arrependimentos, o que os torna mais humanos e, consequentemente, mais atraentes ao público. A forma como muitas vezes aliados espionavam aliados também é mostrada aqui, retratando algo que era bastante comum naquela época.
Apesar de não ser nada que mude a história da televisão, X Company é uma série bem legal para quem é fã de histórias de espionagem escritas de maneira competente. A primeira temporada da série é curtinha, são apenas oito episódios, e teve estreia por aqui no dia 19 de setembro, no History Channel. A segunda, com dez episódios, já está sendo produzida, mas ainda não tem uma data de lançamento definida.
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