por Marcelo Seabra
Se, em 2011, ao discutir Apollo 18, apontei o desgaste do subgênero dos falsos documentários, os found footage, imagine em 2015! Pois tem gente lançando esse tipo de filme até hoje, como é o caso de A Forca (The Gallows, 2015). Trata-se de um terror de baixo orçamento, e isso fica muito claro durante a sessão, dada a pobreza dos cenários, efeitos e recursos. Sem história para encher mais que seus míseros 80 minutos, o longa se satisfaz em dar alguns sustos e tenta surpreender no final.
Por algum motivo usando os nomes dos atores para os personagens, a trama nos apresenta ao mala de plantão Ryan (Ryan Shoos), que é assistente de produção da peça da escola, uma nova montagem de um texto que causou uma tragédia vinte anos antes. O protagonista atual, Reese (Reese Mishler), é um ex-atleta que topou estrelar no teatro apenas para ficar perto da mocinha, a patricinha Pfeifer (Pfeifer Brown). Ryan arruma uma desculpa para invadir a escola à noite, levando sua namorada (Cassidy Gifford) e Reese, e as coisas estranhas que já esperamos começam a acontecer.
O elenco todo segue na linha do “bonitinho, mas ordinário”. Nenhum deles tem muita experiência, todos têm apelo estético junto ao público e falta bastante profundidade. O mesmo pode-se dizer dos diretores e roteiristas, Travis Cluff e Chris Lofing, que parecem ter muita vontade e ambição e buscam seguir os passos de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez. As similaridades com A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999) são enormes: dupla de diretores roteiristas, atores novos, nomes dos personagens serem os dos atores, a duração, câmera na mão etc. Eles chegam a recriar uma cena claramente, quando uma personagem vira a câmera para o seu próprio rosto e chora, em pânico, faltando apenas pedir desculpa. Se isso acontecesse, deixaria de ser uma inspiração para ser uma cópia óbvia.
Sem sabermos exatamente o que está acontecendo ou quem estaria causando as situações, até conseguimos entrar no clima de tensão que a produção tenta construir. Mas tudo é muito previsível e bobo para se sustentar, chegando a um final que pretende ser impactante, a exemplo de Bruxa de Blair. A julgar pelos risos e xingamentos ao final da sessão, pode-se dizer que os realizadores não acertaram exatamente no alvo. Não que a obra não terá seus admiradores, que terão que procurá-la no fundo da prateleira da locadora ou em sessões da madrugada na televisão.
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Marcelo, não esperava outra coisa desse filme quando a brincadeira do Charlie bombou na internet. Uma coisa é se inspirar no sucesso de um filme, outra é querer repetir a fórmula descaradamente como é o caso, sobre o sucesso desse tipo de marketing, escrevi esse artigo falando sobre esse filme e a Bruxa de Blair: http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/charlie-charlie-viu-o-marketing/88313/. Gostei da análise franca e direta.